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Em defesa da democracia – Parte 1

(*) Plínio José Feix

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O atual processo eleitoral brasileiro é, em parte, diferenciado das outras campanhas políticas no período pós-ditadura militar (1964-1985). Na campanha eleitoral em curso, pela primeira vez a extrema direita se manifesta publicamente com um discurso próprio, com certa organização partidária, militância ativa nas redes sociais e disputa as eleições com possibilidade de ir para o segundo turno no cargo para a Presidência da República, além de eleger um número considerável de deputados. Diante deste fenômeno político, para quem defende a política no seu sentido pleno, é levado novamente a se preocupar seriamente com os destinos da democracia.

Em momentos de crise econômica e política como a que estamos enfrentando, os apelos para soluções imediatistas e mirabolantes são tentadoras e encontram eco em certos setores da sociedade. Associada a esta crise está a força política da esquerda, hegemonizada pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Esses dois fatores se constituem em ambiente político e social para a emergência organizada dos setores de extrema direita (conservadores anti-liberais e reacionários). O raivoso antipetismo da extrema direita é característico desse conservadorismo.

Os grandes detentores do capital (proprietários de indústrias, bancos, redes de lojas, terras, mídias, etc.) são tradicionalmente de direita. Quanto à nossa classe média, ela apresenta uma conduta única no mundo, segundo os estudiosos, pois almeja ascender à classe capitalista, e, consequentemente, rejeita e discrimina os setores populares como em nenhum outro país. É verdadeiro que a classe média (assalariados do setor público, profissionais liberais e médios proprietários em geral) paga taxa elevada de impostos, e, como contrapartida, recebe péssimos serviços públicos. Daí a procura pelos serviços privados (educação, saúde, segurança, etc.), e ainda precisa conviver com o problema da violência crônica. Essa realidade leva à sua insatisfação social, o que é compreensível e elogiável. O problema é que, devido ao seu desejo ou sonho elitista, abraça saídas políticas extremamente conservadoras, ao invés de se associar aos setores populares de perfil progressista ou de esquerda.

No artigo anterior defendemos que a política é um meio criado e em constante recriação para alcançar um determinado fim: a construção de uma sociedade que proporcione as condições de vida dignas para todas as pessoas. Embora sendo meio, ou seja, não um fim em si mesmo, as instituições políticas não poderão usar qualquer meio para conquistar o fim (determinado formato de sociedade), que é a sua finalidade ou a sua razão de ser. Os meios políticos (formas de organização e de ação) precisam ser sempre democráticos. A sociedade democrática se constrói com meios democráticos.

A extrema direita não tem, nunca teve e nunca terá compromisso com a democracia. É verdade que isso se aplica igualmente à extrema esquerda, mesmo que por motivos contrários. Por causa da insignificância desta, não é preciso destacá-la. Mas querer incluir o PT, PSB, PCdoB, PSOL neste campo ideológico extremo (implantação do comunismo a qualquer custo) é pura maldade. Os dois primeiros partidos citados são, basicamente, sociais democratas. Voltando à extrema direita, as formas de expressão por meio do discurso discriminador e de ódio e dos gestos simulando armas adotadas pelo Jair Bolsonaro – candidato a Presidente da República que, no momento, lidera as pesquisas eleitorais – são de uma evidência indubitável que a sua diretriz política é o autoritarismo, que o seu princípio de ação é por meio da violência. Essa conduta é assustadora! Ele faz sistematicamente a apologia à violência, o que agride os princípios elementares de tolerância com a pluralidade social típica de sociedades minimamente democráticas. A nossa Constituição, que normatiza a convivência social, está sendo violentada, o que não pode ser naturalizado. A Justiça Eleitoral jamais deveria tolerar essa prática! Ao nos reportar a esse candidato, estamos nos referindo igualmente a uma parte significativa da população, considerando que ele possui uma intenção de voto próximo dos 30% do eleitorado.

(*) Plínio José Feix é Professor do Departamento de História, Câmpus Universitário de Rondonópolis/UFMT, doutor em Ciência Política

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4 COMENTÁRIOS

  1. Fico feliz em ler um libelo â mentira, mesmo que repetida mil vezes, entretanto teimando em permanecer mentira. A extrema esquerda no mundo, e particularmente no Brasil, é responsável primeira pelo discurso e prática do ódio entre nacionais, desde a Intentona Comunista de 1935, quando soldados dormindo foram assassinados na madrugada por comunistas sublevados por Prestes. Que bom, a máscara cai. A extrema direita ainda não se organizou no Brasil, por agora vejo um candidato isolado, com discurso baseado no liberalismo, na família e na pátria tentar quebrar a hegemonia de governos esquerdistas de 1995 até 2018. Um Davi diante do Golias. Imprensa, empresários beneficiários das benesses do BNDES, grandes bancos, sindicados e organizações anti-democráticas, artistas milionários mantidos com as tetas do governo são contra ele, então é preciso repensar quem está a favor, se os que pagam a conta, os que suam o rosto para manter um aparelhamento totalitário e anti-democrático do estado, em detrimento do mérito dos concursos. Realmente. é preciso ser muito contorcionista para explicar por que o miserável permanece miserável depois de 22 anos da esquerda no poder, a educação destruída, a saúde inexistente, a segurança pública uma piada de mau gosto….
    Parabéns Begnossi, pelo artigo demolindo a clássica estratégia de atacar o outro em lugar de apresentar seus mal feitos e provar que fizeram algo que prestasse no poder.

    • Professor Ruy, obrigado pelo apoio. Fico honrado em integrar o mesmo lado que o senhor. De fato, não há mais espaço para as hipocrisias: estamos sim divididos! De um lado, os que recebem ordens de dentro do presídio, que defendem marginais em detrimento das vítimas reais, que negam o direito à defesa ao povo, que abraçam o aborto como sendo um direito da mulher em detrimento ao direito de outro ser humano, que reconhecem governos ditadores sanguinários de países cujo povo prefere sub-empregos no Brasil ao seu próprio país, que tolera a afronta ao cristianismo.
      Do outro lado, estamos nós: que defendemos a família, que valorizamos o mérito, respeitamos a Deus e aos valores cristãos, que nos negamos a aceitar essa asquerosa “ideologia de gênero” que ronda nossos filhos nas escolas.
      Professor Ruy, não sei quem o senhor apoia para Presidente, mas só de saber que não é a esquerda, fico feliz! Me sinto do lado certo da guerra!
      Meu candidato não tem ficha suja, não tem processos de corrupção e apesar das mentiras em contrário jamais discriminou mulheres, negros ou gays.
      Meu candidato defende que as crianças sejam intocáveis pela sujeira disseminada pela política nefasta da “ideologia de gênero”!
      Meu candidato tem seus filhos participando da campanha, de peito aberto e orientou as ações de dentro do hospital porque foi esfaqueado por um militante do PSOL.
      Meu candidato fez e conseguiu aprovar uma lei para que os votos fossem impressos, permitindo a contagem manual para dirimir quaisquer dúvidas sobre a legitimidade das nossas eleições!
      Quanto mais eu vejo as pessoas que estão contra meu candidato, mais certeza tenho de que estou do lado certo!

  2. Como o jornal ainda dá espaço a socialistas. Esquerda é um eufemismo para designar o socialismo. Nosso pais foi esfacelado, destroçado, destruido, corrompido, aparelhado e dividido durante os 13 anos do governo petista. Todos os paises do mundo que implementaram o socialismo, sem exceçoes, tiveram suas economias combalidas, suas liberdades solapadas e seu povo assassinado pelos ditadores. Sugiro ao autor do texto que se mude para um pais socialista. Texto vexaminoso

  3. Se essa é a parte 1 da “Defesa da Democracia”? Espero que a parte 2 faça justiça e de fato defenda a democracia e não a ataque como fez essa primeira parte!
    O viés ideológico do autor fica absolutamente claro quando demonstra dúvida quanto à CERTEZA demonstrada até mesmo nas pesquisas, por mais tendenciosas que sejam e contrárias com o que se vê nas ruas, de que Bolsonaro irá sim para o segundo turno. Há claro, uma chance de Bolsonaro não ir para o segundo turno, mas seria por causa de uma vitória em primeiro turno mesmo!
    Outro aspecto que me deixou perplexo é de ver o autor enaltecendo a “força política da esquerda, hegemonizada pelo PT”, comprovando, mais uma vez, o viés de esquerda do autor. A notória educação e cultura do autor, me faz concluir que há mesmo uma blindagem cognitiva por parte dos seguidores do PT, que impede que mesmo diante de tantos e inegáveis escândalos de corrupção, diante da prisão de inúmeros membros do partido e principalmente diante da condenação de seu líder máximo (Lula), negam-se a admitir a bancarrota ou a imoralidade de sua ideologia, que se submete a ter como candidato uma marionete que se submete a receber ordens de dentro da cadeia, como uma típica organização criminosa!
    Antagonicamente à defesa incontestável da esquerda, o autor admite que pagamos elevados impostos e que temos péssimos serviços públicos (mesmo depois da hegemonia petista no governo nos últimos 14 anos), assumindo que o PT não fez absolutamente nada para mudar o quadro de desigualdade do país. Aliás, um dos candidatos da esquerda, Ciro Gomes, sequer precisaria prometer “tirar o nome dos pobres do SPC” se de fato Lula tivesse feito tanto assim pela classe menos abastada.
    Também é antagônico ver o autor defendendo a democracia e a atribuindo à “extrema direita” a pecha de “anti-democrática”! Gostaria que o estimado professor de história, exemplificasse em que lugar do mundo houve um governo socialista/comunista que prezasse a democracia!
    Quer dizer que a direita “não tem, nunca teve e nunca terá” compromisso com a democracia? Quem tem então? Regimes “democráticos” como em Cuba, Venezuela ou Coréia do Norte? Deve ser por isso que os venezuelanos vem para o Brasil aos montes né? Pra fugir do “paraíso” socialista. HIPOCRISIA.
    Gostaria que o nobre doutor em ciência política, lesse os jornais locais das cidades fronteiriças com a Venezuela, pra ver que as mulheres venezuelanas estão se prostituindo por R$30,00, R$40,00 por dia… …e que isso é mais do que elas ganhariam em um mês na Venezuela! É isso que o “doutor” defende?
    Dizer que que o PT, PSB, PCdoB e PSOL não são a extrema esquerda e é “maldade” tachá-los de extremistas? Será? Quer dizer então que o Partido COMUNISTA do Brasil não é comunista? É pra rir né?! A Manuela Dávila que idolatra monstros como Lenin então é uma “democrata”? Boulos é o que então? Um pacifista? É brincadeira isso??
    Quanto aos discursos de ódio da direita, sim. Eles existem! E são direcionados aos bandidos e àqueles que afrontam a família e à vontade da MAIORIA e aos “direitos humanos” que transformam marginais em “vítimas da sociedade” e as vítimas de fato em “capitalistas burgueses que merecem ser ‘expropriados’ para dar vazão à ‘justiça social’”.
    Devemos então aceitar a ideologia de gênero nas escolas, mesmo com a imensa maioria dos brasileiros sendo contra ela? Devemos aceitar uma exposição de sexo homossexual, zoofilia e pedofilia em museus e achar isso “normal”, mesmo que a incontestável maioria da sociedade demonstre asco a isso? Quer dizer então que a imensa maioria deve se curvar à minoria que quer o aborto? É isso que o senhor chama de DEMOCRACIA?
    E essa história de dizer que a conduta da direita se faz sistematicamente com a apologia à violência? Quando? Onde?
    É a direita que invade propriedades privadas? É a direita que faz passeatas e insultam imagens de santos e introduzem crucifixos no ânus? É a direita que defeca em plena avenida pra demonstrar protesto? É a direita que cospe em parlamentar? É a direita que quer distribuir kit gay nas escolas? É a direita que se mobiliza pra defender o marginal em detrimento da vítima? Aliás, é a direita que quer manter desarmada a população de bem, tirando dela o direito de auto-defesa? É a direita que defende o aborto? É a direita que tem como líder um presidiário condenado?
    Sinceramente professor, tire o capacete que impede sua capacidade cognitiva e abra os olhos para o que o senhor defende e aceite:
    1- Socialismo não deu certo em lugar nenhum;
    2- Todos os países comunistas cercearam a população de liberdade e se transformaram em ditaduras terríveis.
    Isso é histórico. O senhor, mais que ninguém, deveria saber disso!

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