Ele sentia que um dia amanheceria
esbranquiçado uma névoa leve crescia
envolvia aquelas vidas que o mundo conhecia
nenhum ser humano se reconhecia e mentia
Assim ele percebia içava dos fundos abissais
em que sua alma ilusória residia
fim das agonias crescidas em peitos, nunca mais
amores fingidos fugidios e choros teatrais
Chegara o dia e de seus olhos corriam
lágrimas finas e certas de sabida agonia
o mundo se envolvera na brancura, fugira
os homens atônitos e os animais tremiam
O visionário que previra a implacável brancura
era um homem antigo que a enganosa doçura
dera-lhe um amor como os demais a impostura
era um poeta que previra o fim de sua candura.
(*) Amadeu Roberto Garrido de Paula é advogado com uma ampla visão sobre política, economia, cenário sindical e assuntos internacionais