Perfeito. A perfeição solicita um complemento.
A perfeição procura alguma coisa que a excite,
Que a deixe humanizada e até mesmo discreta.
A perfeição pede um retrocesso, algum tormento,
A recriminação dos erros, que talvez ela não evite,
Para um possível perdão daquilo que ela cometa.
A perfeição requer algum deslize, e que a incentive.
Necessita de apreço, ainda que não esteja completa…
Quer ser amada mesmo por seus inexistentes defeitos.
A perfeição que ser adversa ao padrão em que vive,
Quer o fútil, o desacerto, o descumprimento da meta.
Frustrar as exigências e ainda ter-se com os respeitos.
A perfeição se sentiu um tanto frágil ultimamente,
Pois se percebeu inolente, insípida, de quê tedioso…
Porque é óbvio, é muito fácil amar o que é perfeito,
O que é sadio, forte, funcional, completo, decente;
O que é certo, aromal, simétrico, afinado, formoso…
Complicado é amar aquilo em há o erro, o defeito…
Imperfeito. A perfeição logo se pegou invejando,
Assim, chorou e torturou-se por este seu pecado;
Entretanto, ela pôde ter as suas desculpas aceitas.
A imperfeição a abraçou e a beijou a face, silenciando,
Entendendo no abraço eterno o que delas era fado:
Imperfeitamente perfeitas, perfeitamente imperfeitas…
(*) George Ribeiro é poeta de Rondonópolis