Escolher um local para instalar uma empresa sempre é uma tarefa difícil. Normalmente requer pesquisa, análise, relativo investimento em marketing, além de uma dose adicional de empatia pelo público. Dentre muitos outros aspectos, é claro.
Ainda assim, sem qualquer garantia de sucesso. Já que qualquer empreendimento só aumenta suas chances à medida que passa pelo teste derradeiro, que é o de mercado, com o cliente. No médio e longo prazo é possível olhar para trás e dizer se foi bem ou mal conduzido. Certo mesmo é que não há regra que sirva para todas as situações.
Pelo contrário, cada tipo de negócio tem suas particularidades que requerem espaços e localizações pertinentes a cada caso. Mas, há sim alguns detalhes que são bem interessantes e basta um pouquinho de atenção que veremos no dia-dia algumas situações importantes.
Outro dia, alguém me disse que pretendia colocar um determinado negócio numa região que não teria concorrência. A primeira vista parece uma escolha lógica e sensata, afinal, fugir da concorrência é o que todo empreendedor deseja.
Mas nem sempre isso é bom. Primeira questão a ser levada em consideração é se perguntar, por que ainda não tem uma empresa desse setor naquela região? E mais, o que os atrairia para lá? Teria algum outro motivo, além de minha empresa?
Nesse momento surge a importância de uma variante da economia de escopo. Os postos de combustíveis e outra infindável lista de negócios descobriu isso já há algum tempo.
Uma pitada de economês. Economia de escala é quando a empresa possui diferencial competitivo frente à concorrência em função de que ela, por ser grande ou produzir/vender em grande quantidade (escala), é capaz de normalmente reduzir custos ou preços.
A economia de escopo, por sua vez é quando ocorre a situação do custo de produzir dois produtos diferentes é menor se esses dois produtos forem produzidos por uma só empresa, ao invés de duas separadas.
Ou, na variante, quando duas empresas se aproveitam de algum aspecto, local, por exemplo, e torna-se mais vantajoso unir forças (uma aliança estratégica) com outra empresa. Pode-se até criar um arranjo de empresas que oferecem produtos diferentes em um mesmo local, podendo atrair mais clientes.
Agora, voltando à história da escolha, pergunta-se: é melhor se instalar onde não haja concorrentes ou onde a concorrência é acirrada? Essa é uma questão que não tem resposta pronta, mas algumas coisas precisam estar presentes e em alguns casos é um aspecto que poderá ditar a diferença entre o sucesso e o fracasso.
A máxima de que ‘quem não tem competência não se estabelece’ deve ser rigorosamente atendida. Já, os competentes normalmente não têm medo da concorrência. Pelo contrário, até se beneficiam dela.
Por isso, talvez, em várias situações, é melhor se estabelecer próximo dos concorrentes, onde há muitos ou vários deles, já que há atrativos adicionais de formação de setor que estando isolado não se possui.
Aqui na Av. Lions, que praticamente se tornou a avenida gastronômica da city, temos alguns exemplos. Mas percebam que não é em toda ela. Existem alguns espaços onde se aglomeram os restaurantes e há fartura de clientes, noutros a gastronomia não prolifera. Nem por insistência.
Notei que há uma região mais distante dos aglomerados, onde mesmo bons restaurantes não logram êxito. Quando mudam dali e se juntam aos demais, mesmo em espaços mais acanhados, a clientela aparece e o sucesso se avizinha.
Pode-se observar que os consumidores buscam opções. Assim, se aproximar dos concorrentes pode tornar seus produtos e serviços uma boa opção para os potenciais clientes. Uns chamam os outros. Nesse sentido, você e sua empresa podem sair beneficiados.
Boa semana e até a próxima.
(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor, workshopper e palestrante – –[email protected]
