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, 30 maio 2024
 
 

Será a crise das instituições uma crise generalizada?

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Marcelo Batista - 07-04-15

A sociedade do 3º milênio encontra-se assolada por grandes desafios a serem não eliminados, mas superados pelo homem da sociedade pós-moderna. Constata-se que os males pelos quais passam as instituições que formam a sociedade e que por corolário se materializa na chamada crise social, se apresentam na tônica do niilismo ou “inversão dos valores”.
As instituições estão corroídas pela corrupção, expropriação da res-pública, a relativização da união entre homem e mulher, as divergências e intolerâncias entre os povos de diferentes culturas, o vazio existencial que o homem da pós-modernidade vem manifestando em relação ao sentido da vida, a dificuldade deste em estabelecer relações verdadeiras e sinceras, a incapacidade de descentrar-se de si mesmo, parecem estar sinalizando certo fracasso social.
A partir dos cenários supracitados, se diagnosticam inquietações, indignações, perplexidades, indagações com a crise que se instaurou na sociedade brasileira e no mundo… Será que as instâncias sociais, tais como a família, a escola, a religião e a política, que têm como função trabalhar pela concretização e promoção dos direitos humanos, não estão se afastando dos valores que orientam para uma maior humanização do ser humano e dos valores éticos e morais que deveriam ser parâmetros de normatização destas instituições presentes nesta sociedade pós-moderna?
E o que pensar de algumas denominações religiosas, que se julgam cristãs, e não contribuem, muitas vezes, para uma abertura de mentalidade, uma postura crítica e profética dos fiéis, sobretudo quando encontramos religiosos que transformam os ritos celebrativos em grandes “shows” com linguagens apelativas e discursos que destoam ou vão na contramão daquilo que o mestre Jesus ensinou?!
Aos fiéis que se deixam influenciar por um anúncio do evangelho meramente mágico, diferentemente do que nos ensinou o saudoso dom Hélder Câmara, um evangelho encarnado na realidade, no social, a alegria de viver; enfim, o ágape apaixonante de ser gente e se “fazer gente com outras tantas gentes.”
Partindo do pressuposto de uma ética teológica fundamental que pretende ser dialogal e relacional, mais especificamente do “evento Cristo”, os cenários acima, preocupantes e desoladores, recebem “luzes”. A ressignificação desse imaginário fragmentado a um telos oferece preciosas e genuínas contribuições. O ir em direção ao outro, o ser-para-o-outro, a escuta da linguagem diferente, o acolher o outro na sua singularidade, parece-nos ser a antecipação daquilo que todo ser humano espera: uma vida plena, digna, restaurada – mais humana e a superação da crise de valores éticos e morais em todas as instituições.
Percebemos que Jesus caminho, verdade e vida (cf. Jo), descentrado de si mesmo, despojado de sua condição divina e semelhante a nós (cf. Fl 2,6-7), obediente ao Pai, atento aos sinais de sua época, horizonte epigenético, sentido absoluto do agir ético, é possibilidade de sentido. É “clarão” para aqueles que sentem o fascínio, o desejo e a vontade de fazer acontecer existencialmente o amor: amar e deixar-se amar, ir ao encontro do outro, e se reencontrando não na indiferença, mas na importância que o outro tem.
Sentimos, pois, que configurando nossa existência às experiências de Jesus Cristo, sobretudo a partir do acontecimento do Getsêmani, que irradia profundo amor e solidariedade, possamos levar vida, amor, ética e moral onde os mesmos clamam por acontecer.

(*) Marcelo Batista, professor do IFMT Rondonópolis (Filósofo pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte – MG)

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