Passo meu tempo numa cabine
Nem tenho muito que sonhar
Os anjos que nos ilumine
Tenho filhos pra criar.
Às vezes a fome aperta o pescoço
E não define qual o lugar
Logo paro e faço o almoço
Quando é noite compro o jantar.
O cansaço me dá fadiga
No posto certo tento dormir
Tomo um banho troco a camisa
Pois daqui a pouco irei partir.
Vivo a rodar o país
Fazendo aquilo que a gente gosta
Duma certa forma feliz
Com sessenta toneladas nas costas.
Numa cidade fico suado
Noutra visto o casaco de frio
Meu gigante dorme carregado
E raramente anda vazio.
Enfrento os perigos da estrada
Pista molhada e cerração
Que me surpreende assim do nada
Redobrando minha atenção.
Se a chuva bate no para-brisa
Aciono rápido o limpador
Guardo saudades sob a camisa
No coração o grande amor.
(*) Francisco Assis Silva é poeta e militar – email: [email protected]