Estado patológico, a apatia, geralmente, é o grande precursor das profundas depressões. O povo brasileiro, diante das denúncias de corrupções praticadas por alguns dos nossos governantes e agentes públicos, encontra-se desencantado, descrente e impotente. Todos esses estados da alma levam à apatia. O povo brasileiro está apático, pois há anos está vivenciando esta situação. O mais desalentador é que, apesar de todas as denúncias oferecidas pelo Ministério Público, as possibilidades de uma punição a contento ainda são bastante tênues. O governo insiste em blindar seus altos executivos e políticos da base aliada – como o que está acontecendo com a presidente da Petrobras.
As mídias, todas, sinalizam que a ruptura deste modelo corrupto de governar, ainda vai continuar sendo, por um bom período, um pesadelo para a população. A credibilidade nos poderes estabelecidos há muito desapareceu, e nos sentimos todos numa nau à deriva. Já não confiamos em nada nem em ninguém, numa situação de extrema insegurança.
Nem a figura alegre do Papai Noel, símbolo das nossas fantasias infantis, consegue levantar o astral diante de tantos medos e incertezas que nos esperam em 2015. Os brilhantes técnicos financeiros nos atiram em economês, presságios os mais assustadores. O povo, coagido pelas incertezas, limita-se a tomar conhecimento dos escândalos de corrupção com um balançar negativo da cabeça, não querendo acreditar no que é dito.
Diante dessa enorme rede de corrupção montada pelo governo, só resta ao povo a indignação e a revolta, ou a apatia. Ao que parece, a população perdeu a energia para se indignar e o desânimo para se revoltar. Só restando a apatia. É, o povo está doente!
(*) GABRIEL NOVIS NEVES é médico e ex-reitor da Universidade Federal de Mato Grosso