Nas lidas do campo tocando boiada
Desde pequeno estudando e no lombo
De um cavalo me tornei hábil ginete,
Com os ensinamentos de meu pai.
A têmpera era moldada todos os dias,
Principalmente no respeito aos mais velhos
E amizade sincera com a peonada aprendendo
O tiro certeiro do laço quando uma rês se descarava
Da manada e era obrigação trazê-la de volta,
Repontada pelo cavalo e o laço firme entre os chifres.
Assim eu fui criado em meio à peonada e nada
De regalias por ser filho do patrão.
O tratamento era igual para todos e isso para mim
Tinha valor inestimável, o respeito de todos.
Repontávamos o gado de uma invernada para outra,
Cujas distâncias eram medidas em léguas.
Bom pasto e água em abundância e diversos saleiros,
Distribuídos de distância em distância,
Fazendo com que a boiada não andasse muito,
Para manter o peso e a qualidade dos animais.
Feito o serviço distante da sede da fazenda,
Dois peões já preparavam o almoço, nada de especial,
Mas era muito bem preparado com carne de sol,
Arroz, cebola e alho acompanhado de chimarrão.
Eram dias felizes e o tempo foi passando e eu tive
Que partir para estudar na cidade grande.
Não via a hora de voltar para casa e montar meu cavalo
E partir campo a fora e respirar ar puro e avistar o gado
Pastando pelas coxilhas e canhadas.
Ao ouvir o mugido algo em mim me reportava
À infância quando fazia parte das lidas
E hoje são apenas recordações de um passado distante.
(*) ORLANDO SABKA é morador em Rondonópolis