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Rondonópolis
, 17 junho 2024
 
 

Uma homenagem aos migrantes

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luci lea tesoro e a mae - 05-03-13
É insofismável a contribuição dos migrantes no contexto sócio-econômico, político e cultural de Rondonópolis; e, este, inclusive, é um dado que identifica o município em relação à sua história: a abertura à diversidade.  Basta levar em conta o fato de que em 1980 o Censo demográfico do IBGE acusava no município de Rondonópolis a presença de 50.061 migrantes para um total de 82.293 habitantes.
Ao longo da história, Rondonópolis viu homens e mulheres audazes, esperançosos por encontrar um eldorado deslocarem-se de seus rincões e aportarem pelas bandas do Rio Vermelho em busca de novas oportunidades de trabalho e de realização; enfim em busca por melhores condições de vida.  São essas pessoas que representam grande parte da força da construção e da história de Rondonópolis: migrantes mato-grossenses, nordestinos (da Bahia, de Pernambuco, do Ceará, do Maranhão), paulistas, mineiros, goianos, paranaenses, catarinenses, gaúchos ao lado de estrangeiros libaneses, árabes, japoneses, espanhóis, sul-americanos e outros.
Desse contingente uns se deram bem e outros (a maioria) nem tanto, acabaram por serem tragados pelas redes de exploração do sistema e reproduzindo tão somente a sua força de trabalho. Contudo, é bonito ver que os pioneiros de cepa e envergadura não se intimidaram frente às dificuldades, e apesar das adversidades permaneceram e construíram a cidade. Mais bonito ainda é perceber que eles não perderam a esperança e a fé, e acima de tudo acreditaram ter valido a pena.
Hoje, se muitos têm a certeza de que não conseguiram no eldorado a cobiçada fortuna, pelo menos sabem que conquistaram a terra através dos amigos e dos filhos que em Rondonópolis nasceram e que aqui tem criado raízes – este é o meu caso, à medida que tenho em meus netos (Ana Clara e Miguel Arturo) a colheita dos frutos da quarta geração em Rondonópolis, eles que bem dignificam o bisavô João Paulo Lopes, um homem que amava esta terra e que a chamava carinhosamente de “o colosso de Rondonópolis”.
Iguais a meu pai, muitos pioneiros acreditaram na força local e se propuseram ser fermento, ser semente de mudança, ser alma, corpo e coração de um novo tempo e de uma cidade. Em sua maioria são heróis anônimos, mas conscientes de representar um tijolinho importante na construção da futura metrópole do sudeste mato-grossense.
Não há dúvida de que os representantes da geração que desbravou Rondonópolis cumpriram devidamente o seu papel: com a sua força de trabalho, com a força de seu legado cívico de amor pela cidade e com a divulgação da memória histórica que tão bem souberam reverenciar.
Contudo, com o passar dos anos mais e mais desses antigos pioneiros tem embarcado para o encontro do Senhor, e a cidade vai ficando meio assim órfã de pai e mãe. A questão é: como substituir tal vazio? O que esperar das novas gerações? O que acontecerá com o município e a sua população daqui para frente se levados em consideração o impacto e os desdobramentos da presença da ferrovia e das mudanças na economia? O que restará aos nossos netos e bisnetos para contar sobre a memória de nossa cidade? O fato é que quando as pedras, as ruas, as casas e os monumentos antigos também forem desaparecendo a memória e a história não se sustentarão. Pensemos a respeito…
Na tentativa de assegurar às próximas gerações a permanência da lembrança dos migrantes e de sua importância para Rondonópolis é que se deve levantar um monumento para homenageá-los. Se em Brasília-DF o candango tem o seu monumento como marco e símbolo da construção da capital do país, o nosso migrante também o merece, pois simboliza a identidade e a força do crescimento de Rondonópolis.
Com certeza, a figura do migrante sintetiza a mistura cultural que dá cor, forma e expressão à população rondonopolitana, por isso os migrantes esperam o seu lugar de destaque em nossa principal praça, para orgulho de nossos descendentes e fortalecimento da memória histórica local. Nesse aniversário de 60 anos de emancipação político-administrativa de Rondonópolis a cidade bem merece mais este presente, e o jornal “A TRIBUNA”, representante de tantas lutas, bem que poderia encampar mais essa ideia.
Parabéns, Rondonópolis!

(*) LUCI LÉA LOPES MARTINS TESORO,  Doutora em História Social pela USP, autora do livro “Rondonópolis-MT:  um entroncamento de mão única”. Contato: [email protected]

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