Pedi uma dose de amor
E mandaram de solidão
Agravei a minha dor
Fiquei próximo da colisão.
Sentei sozinho na mesa
Querendo uma dose de prazer
Fui acumulando incertezas
Sem meu bem aparecer.
Pedi uma dose de carinho
Enviaram jarra de tristeza
E alguns galhos de espinho
Castigo da natureza.
Faz tempo que estou aqui
Pedi uma água mineral
Não posso pescar lambari
Viver nesse deserto astral.
Ganhei pacote de maldade
Sofrendo naquele lugar
Pedi uma dose de felicidade
Queria mesmo embriagar.
Longe da minha cidade
Sentindo-se como estranho
Brigando firme com a saudade
Mas somente eu que apanho.
Minha nave era a madrugada
Rodava feito parafuso
Pedias doses gelada
E vinha errada por abuso.
Quando decidi sair
Os pés estavam colados no chão
Foi inevitável não cair
Minha moral e a razão.
Sem força pra levantar
Pedi um copo de vitamina
Apostei pra não errar
Trouxeram uma linda menina
Que me levou pro seu lar.
Essa sim a dose correta
A melhor bebida lançada
Onde a medicina não veta
Pois foi devidamente aprovada.
(*) Francisco Assis é poeta e bombeiro militar – email: [email protected]