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Eu e o Padre Raimundo Pombo

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Ailon do carmo - 07-08-12Pelo título do artigo, muita gente irá pensar que o “padre” acima referenciado seja o famoso “Padre Pombo”, que disputou o pleito eleitoral de 86, ao Governo de Mato Grosso, pelo PMDB, contra Júlio Campos, pelo PDS; mas não se trata desse ‘inusitado político’ que o PMDB improvisou, naquelas eleições: Padre Raimundo Pombo foi diretor do antigo Ginásio Padre Carletti, conceituadíssimo colégio salesiano que existiu em Alto Araguaia, nas décadas de 50, 60 e 70, no qual estudei, em regime de internato, nos anos de 1956 a 1958.

O nome do Padre Pombo político era Nelson Pombo Moreira da Cruz; e o do título acima, Raimundo Pombo Moreira da Cruz; dá para se perceber que eram irmãos, e bem provavelmente gêmeos, face à impressionante semelhança física entre um e outro: de pequena estatura, morenos, magros, similitude facial – enfim, ambos nascidos à mesma imagem e semelhança! Eram naturais de Corumbá, hoje no Mato Grosso do Sul. Minha convivência, no entanto, fora somente com o Padre Raimundo Pombo, embora tenha conhecido, superficialmente, seu citado irmão.

Certa vez, inventei de ser “coroinha” – ajudante de missa. Após pequeno período de aprendizagem, fui ‘escalado’ pra ajudar numa. Para minha surpresa, o celebrante fora exatamente o diretor – Raimundo Pombo! Tomado de nervosismo, errei vários atos do ritual da missa – até mesmo atrasando no toque da campainha, na sagração da hóstia e do vinho, ante os olhares de esguelha do padre… Missa encerrada, já na sacristia, após se livrar das paramentas, Padre Raimundo vira-se pra mim e sentencia: “Quem foi que disse que você sabe ajudar a celebrar missa?” Apenas consegui balbuciar: Foi o Waldir… – referia-me ao colega Waldir Farias, hoje renomado médico em nossa cidade. O padre concluiu: “Você está precisando de mais algumas aulas, pra poder ajudar a celebrar missa…”.

Desde aquela época, eu já gostava de cantar: minha voz alta, límpida e afinada – além da boa dicção –, se destacava dentre as dos demais alunos do colégio. Um belo dia, o mesmo Padre Raimundo me convidou pra cantar, com ele ao violão, numa festa de despedida do ano letivo. O nome da música, e dela própria, ainda me lembro: “Quebradeira”. A letra era mais ou menos assim: “Quebra, quebra até cansar, yá yá, quero ver quebrar: quebro o prato da comida, quebro o pires do mingau, quebro o copo da bebida, fica só colher de pau; meto a mão na cristaleira, quebro tudo que tiver, e no fim da quebradeira, eu como é de colher…”.

Pois bem, sabem o que aconteceu? Fiquei nervoso novamente, e acabei invertendo a letra da música: “quebro o prato da bebida, quebro o pires do mingau, quebro o copo da comida…”. Quando percebi o erro grosseiro, parei de cantar, e o padre também parou de tocar; olhou pra mim sem dizer nada, olhos arregalados e testa franzida, como que surpreso e decepcionado. Tentamos de novo, e não me lembro se conseguimos chegar ao fim. Também não me lembro se voltei a ajudar a celebrar missa, nem a cantar; tirem as dúvidas com o Dr. Waldir Farias…

(*) Ailon do Carmo é hoje advogado, historiador, cantor nas horas vagas, membro da imprensa local, e membro da Academia Mato-grossense de Letras.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Totalmente equivocada a informação. Quem disputou a eleição a governador pelo MDB à época, foi o padre Raimundo Pombo contra Júlio Campos, que era do PDS. Padre Nelson Pombo era de fato irmão de padre Raimundo Pombo, mas nunca disputou eleição na década de 80 s governo do estado de MT.

  2. A letra é assim: “Quebra, quebra guabiraba, quero ver quebrar. Quebra lá que eu quebro cá, quero ver quebrar. Quebra o prato da comida, quebra o pires do mingau, quebra o copo da bebida, fica só colher de pau; meto a mão na cristaleira, quebro tudo que tiver, e no fim da quebradeira, como é de colher…”.

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