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Rondonópolis
, 9 maio 2024
 
 

A hora da verdade: de que lado você está?

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Em se tratando do processo político eleitoral, a grande questão que desafia e desconcerta a nós, refere se a dimensão da ética em relação a vida cotidiana. Desafia ainda compreender, saber e questionar se a maioria absoluta da população apta para votar tem projeto político diferente do que está em vigência. Enquanto sujeito, educador, político que participou diretamente de outros momentos do processo político como candidato a vice-prefeito e vereador tenho dúvida se esta geração quer de fato ética na política.
Penso que enquanto perdurar o fetiche da representação constituída no estágio social em que vivemos, o discurso da ética não passa da arte do disfarce, porque o voto nesta sociedade capitalista em que vivemos transformou numa mercadoria que se vende, compra e descarta como outro produto qualquer que circunda na lógica da produção do consumo.
O que se percebe, na atualidade, é que uma parcela significativa do eleitor tem preferência por uma política baseada mais no oportunismo de angariar proveito individual do que na verdade do projeto do candidato. O que tem prevalecido, nada mais, do que a mentalidade oportunizada pela “Avenida Brasil”, onde se produz a desconfiguração, o plágio de si mesmo e esvaziamento do sentido da relação humana. Você já imaginou que o prepotente de si que já considera eleito sofresse uma derrota acachapante nesta eleição?
O objetivo neste texto não é produzir uma lamentação sobre o contexto da relação e prática política neste tempo de empolgação e comoção coletivo para se chegar ao poder municipal. A minha intenção é refletir sobre uma compreensão da ética e política no processo de mobilização e manifestação popular sobre o exercício da democracia na arena do município.
Como educador, compete perguntar o que ética é política? O que tem a ver uma coisa com a outra? Ética do êthos – éta singnifica “caráter, maneira de ser, morada, habitação do homem, estilo de vida de uma pessoa, índole, conjunto de uma característica física e psíquica  que permite distinguir e reconhecer uma pessoa entre os demais”, – e éthos: “costume, hábitos, usos”.
A ética é a reflexão crítica sobre a moral. Diz-nos Cortella que “ética é o conjunto de princípios e valores de nossa conduta na vida junta; é aquilo que orienta a sua capacidade de decidir, julgar, avaliar”. Política deriva, etimologicamente, do termo “polítikós, adjetivo de polis, que significa cidade, civil, urbano, público social”. A política está relacionada com o bem coletivo, com o poder.
Neste aspecto, é importante destacar que a sociedade se organiza referenciado em determinados valores que implica em uma escolha, tomar partido. Ser político é tomar partido. Assim, toda ação moral tem uma implicação política.
Pensando alicerçado aos pressupostos da tradição Grega, ética e política constituem campo do conhecimento que refletem a ação humana. A ética toma a ação humana enquanto individual e a política foca a ação humana na coletividade. Logo, enquanto ser social, ser de relação, a ação de cada indivíduo, constitui aspecto da ação social. Nesta perspectiva, “ética e política são complementares e uma não pode passar sem a outra”.
O fato singular é que a relação humana no mundo, campo, arena da política não está sendo pautada pela conduta moral alicerçada aos princípios da Ética. Contudo, vale lembrar que não há como fugir, todo ser humano é visto definido e compreendido pelas suas relações de pertencimento a um grupo, caso contrário, esvazia se do verdadeiro sentido da existência. Mas, na atualidade, a formação do Ethos está sendo tecida ao imaginário social configurado a dimensão da ética indolor que conduz a dissimulação de valores, por isso tem muita gente que está perdendo a perspectiva, sentido da e na vida.
De acordo com Silvio Gallo, o problema é que “se esta complementaridade estava na origem grega das duas ciências. Ética e política, ao longo da história ela foi sendo esquecida e mesmo apagada. De modo que, entre nós, emergiu o fenômeno dos diversos movimentos pela Ética na Política”.
Por outro lado, em se tratando da ética nas relações cotidianas no mundo contemporâneo, há ao mesmo tempo, uma elevação e dissolução. Recorrendo ainda ao pensamento de Gallo, pode-se afirmar que “a perda dos valores universais, a perda da universalização do dever transforma a ética em tema de cada indivíduo, em tema de consumo cotidiano. E, com isso, vivemos a sua dissolução”.
Portanto, diante do tempo do hipermercado, da sociedade da decepção, do individualismo irresponsável no campo da ética, o desafio que se coloca a nós “é aproveitar-se da positividade da fluidez dos princípios morais para construir um indivíduo responsável”, sobretudo, que seja capaz de não produzir o descrédito da ação pública, mas a sua redefinição. Penso que a política deve  ser entendida como uma arena de esperança e luta por um mundo melhor.
Caro amigo e companheiro, lembre-se que a nossa práxis política no mundo da vida cotidiana deve ser alimentada pela utopia da constituição de um mundo justo e solidário povoados de humanos. Portanto, falar em ética hoje significa comprometer com a transformação da realidade injusta, libertar-se das amarras da corrupção que engessa e desconfigura o sentido da política enquanto ciência, virtude do bem comum. Significa destruir “toda forma de antivida” que produz o tecimento de uma realidade injusta alicerçada ao privilégio de poucos.
O político, antes de tudo, pelo seu exemplo, através da corporificação de seu exemplo ético e conduta moral, tem-se que comportar como um educador popular que impulsiona à nova geração a busca de sentido e significado da cidadania politizada. Diante deste  mundo complexo da política carente de pessoa íntegra, correta, justa, honesta, que não desvia do caminho, você educador, político, eleitor de hoje é responsável pela problematização e educação da consciência moral que priorize o bem coletivo e respeito da dignidade humana. Pense nisso!
Mas, para que Rondonópolis se transforme numa cidade educadora, faz-se necessário que a justiça transforme em referência de cada militante político. Enfim,  ética, política e educação configuram como ponto nuclear da relação humana em que decidimos se amamos o mundo, a democracia e dignidade humana.  Assim, aponta Salmo 85 “a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão, da terra brotará a fidelidade, e a justiça olhara dos altos dos céus”.
Autoridade, poder, política a serviço da vida. De que lado você está?

(*) Dr. Ademar de Lima Carvalho, professor de Filosofia da Educação e teorias da Educação; Depto de Edu e Mestrado em educação/CUR/UFMT

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