É dentro desse contexto que venho, mais uma vez, nesse valioso espaço, deste conceituado jornal, discutir a falta da ética por parte daqueles que a deveriam tê-la como prioridade em suas ações.
A política é vista como a base de uma sociedade e seu desenvolvimento econômico social. É tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da cidade, do Estado, do País, com ênfase aos negócios públicos. Dentro desse caráter conceitual, a política é tudo de bom que uma sociedade possui, sendo algo plausível de construção e de bem comum. Sem ela, a sociedade não se desenvolve, pelo contrário, se estagna e para no tempo.
Em Rondonópolis, se observa uma ética às avessas quando o assunto é política partidária e bem estar comum. São descasos que colocam a vida da população em risco, onde a saúde pública necessita ser restaurada urgentemente em nossa cidade. O PA (Pronto Atendimento) é piada, pois de “Pronto” não tem nada, são horas e horas e até dias que uma pessoa precisa para ser atendida, e mesmo assim, não sai de lá satisfeita pelo atendimento recebido. A realidade é que as pessoas saem do PA mais doentes do que quando chegaram, em virtude da falta de respeito e da inoperância daquele órgão de saúde pública. A Santa Casa e o Hospital Regional não funcionam como deveriam, principalmente na parte que diz respeito ao Sistema Único de Saúde, o SUS.
Na educação, se observa nas três esferas: federal, estadual e municipal o descaso dos poderes constituídos para com os professores, responsáveis diretos por fazer acontecer o ensino. Se por um lado o ensino superior através das universidades federais está sem aula há meses devido a greve, por outro, a falta de valorização e a insistência de alguns gestores em não conceber o piso salarial aos professores do ensino fundamental se torna vergonhoso. O projeto do piso aos docentes já virou lei, porém o município de Rondonópolis teima em não pagar. O Estado já chegou mais perto do valor do piso.
Aliás, pegando um gancho nessa questão salarial, a Prefeitura concebeu a inflação do ano passado aos servidores públicos municipais só em abril, quatro meses após a data base, sem o retroativo a janeiro. Os vereadores votaram, na sua maioria, pelo pagamento da inflação em abril sem retroativo a janeiro. Um absurdo isso que aconteceu e penso que vergonha foi a palavra mais próxima a ser pronunciada diante desse fato. Porém, um mês depois, os vereadores aprovaram um acréscimo de oito mil reais em seus vencimentos com retroativo a março.
Além da saúde e educação, se observa desperdício de dinheiro público em áreas providenciais como no caso da travessia urbana de Rondonópolis e muitos vereadores são contra a abertura de uma CPI ou CEI, sei lá como querem denominar essa comissão.
Enfim, tem coisa estranha no ar e pessoas grandes envolvidas e, dessa maneira, querem desviar o assunto. Além disso, crimes ambientais assustaram a comunidade rondonopolitana, onde lançaram esgoto a céu aberto no nosso principal curso d’água: o Rio Vermelho. A obra de canalização do córrego Canivete tornou-se uma novela vergonhosa em nossa cidade. O Governo fez até festa, com estouro de fogos e outras coisas comemorativas dessa obra, e já se arrasta por mais de três anos e nada de canalização.
A BR-364 cada vez mais se torna a rodovia da morte. São vidas e mais vidas ceifadas nesse percurso entre Rondonópolis e Cuiabá e se assiste somente a luta de uma comissão pró-rodovias, tendo o Jornal A TRIBUNA como interlocutor nesse processo, e até agora só promessas futuras de licitação.
Enfim, a ética passa longe de alguns políticos. Muitos brincam com a cara da população, lançando obras eleitoreiras, que há muito tempo estava por sair, e saiu agora nesse período eleitoral. Muito esquisito, porém é benesse à população, então está tudo certo.
No decurso desse processo, acontece também a ética da “maracutaia”. Isso se sucede, quando observamos algumas coligações partidárias para o processo desse ano. Partidos que historicamente eram rivais em nossa cidade, esse ano estarão no mesmo palanque. Pessoas que outrora se degladiaram, este ano estarão juntas, no mesmo discurso e palanque. É a busca de interesses pessoais e partidários e pelo poder em detrimento do bem estar daqueles que passam por necessidade.
Por fim, parabenizo nesse espaço ao promotor de Justiça Ari Madeira pela sua árdua missão de procurar a ética nessas eleições, porém, a sociedade tem que estar atenta e com isso, ajudar o Ministério Público nessa missão.
(*) Reuber Teles Medeiros, professor, geógrafo, servidor público em Rondonópolis