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Rondonópolis
, 19 maio 2024
 
 

A ética da maracutaia

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Filosoficamente, a ética diz respeito aos costumes. É a parte da Filosofia prática que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral, mas, sobretudo, se baseia num conjunto de regras de conduta considerado como universalmente válido. Diferentemente da moral, a ética está mais preocupada em detectar os princípios de uma vida conforme à sabedoria filosófica, em elaborar uma reflexão sobre as razões de se desejar a justiça e a harmonia e sobre os meios de alcançá-la.
É dentro desse contexto que venho, mais uma vez, nesse valioso espaço, deste conceituado jornal, discutir a falta da ética por parte daqueles que a deveriam tê-la como prioridade em suas ações.
A política é vista como a base de uma sociedade e seu desenvolvimento econômico social. É tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da cidade, do Estado, do País, com ênfase aos negócios públicos. Dentro desse caráter conceitual, a política é tudo de bom que uma sociedade possui, sendo algo plausível de construção e de bem comum. Sem ela, a sociedade não se desenvolve, pelo contrário, se estagna e para no tempo.
Em Rondonópolis, se observa uma ética às avessas quando o assunto é política partidária e bem estar comum. São descasos que colocam a vida da população em risco, onde a saúde pública necessita ser restaurada urgentemente em nossa cidade. O PA (Pronto Atendimento) é piada, pois de “Pronto” não tem nada, são horas e horas e até dias que uma pessoa precisa para ser atendida, e mesmo assim, não sai de lá satisfeita pelo atendimento recebido. A realidade é que as pessoas saem do PA mais doentes do que quando chegaram,  em virtude da falta de respeito e da inoperância daquele órgão de saúde pública. A Santa Casa e o Hospital Regional não funcionam como deveriam, principalmente na parte que diz respeito ao Sistema Único de Saúde, o SUS.
Na educação, se observa nas três esferas: federal, estadual e municipal o descaso dos poderes constituídos para com os professores, responsáveis diretos por fazer acontecer o ensino. Se por um lado o ensino superior através das universidades federais está sem aula há meses devido a greve, por outro, a falta de valorização e a insistência de alguns gestores em não conceber o piso salarial aos professores do ensino fundamental se torna vergonhoso. O projeto do piso aos docentes já virou lei, porém o município de Rondonópolis teima em não pagar. O Estado já chegou mais perto do valor do piso.
Aliás, pegando um gancho nessa questão salarial, a Prefeitura concebeu a inflação do ano passado aos servidores públicos municipais só em abril, quatro meses após a data base, sem o retroativo a janeiro. Os vereadores votaram, na sua maioria, pelo pagamento da inflação em abril sem retroativo a janeiro. Um absurdo isso que aconteceu e penso que vergonha foi a palavra mais próxima a ser pronunciada diante desse fato. Porém, um mês depois, os vereadores aprovaram um acréscimo de oito mil reais em seus vencimentos com retroativo a março.
Além da saúde e educação, se observa desperdício de dinheiro público em áreas providenciais como no caso da travessia urbana de Rondonópolis e muitos vereadores são contra a abertura de uma CPI ou CEI, sei lá como querem denominar essa comissão.
Enfim, tem coisa estranha no ar e pessoas grandes envolvidas e, dessa maneira, querem desviar o assunto. Além disso, crimes ambientais assustaram a comunidade rondonopolitana, onde lançaram esgoto a céu aberto no nosso principal curso d’água: o Rio Vermelho. A obra de canalização do córrego Canivete tornou-se uma novela vergonhosa em nossa cidade. O Governo fez até festa, com estouro de fogos e outras coisas comemorativas dessa obra, e já se arrasta por mais de três anos e nada de canalização.
A BR-364 cada vez mais se torna a rodovia da morte. São vidas e mais vidas ceifadas nesse percurso entre Rondonópolis e Cuiabá e se assiste somente a luta de uma comissão pró-rodovias, tendo o Jornal A TRIBUNA como interlocutor nesse processo, e até agora só promessas futuras de licitação.
Enfim, a ética passa longe de alguns políticos. Muitos brincam com a cara da população, lançando obras eleitoreiras, que há muito tempo estava por sair, e saiu agora nesse período eleitoral. Muito esquisito, porém é benesse à população, então está tudo certo.
No decurso desse processo, acontece também a ética da “maracutaia”. Isso se sucede,  quando observamos algumas coligações partidárias para o processo desse ano. Partidos que historicamente eram rivais em nossa cidade, esse ano estarão no mesmo palanque. Pessoas que outrora se degladiaram, este ano estarão juntas, no mesmo discurso e palanque. É a busca de interesses pessoais e partidários e pelo poder em detrimento do bem estar daqueles que passam por necessidade.
Por fim, parabenizo nesse espaço ao promotor de Justiça  Ari Madeira pela sua árdua missão de procurar a ética nessas eleições, porém, a sociedade tem que estar atenta e com isso, ajudar o Ministério Público nessa missão.

(*) Reuber Teles Medeiros, professor, geógrafo, servidor público em Rondonópolis

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