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, 19 maio 2024
 
 

Novas recomendações sobre gorduras

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Comendo sanduiche - cor
Dr. Marcelo Chiara Bertolami, diretor de Divisão Científica do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, mestre e doutor em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP, concedeu a seguinte entrevista:

1.Este ano foi publicada a I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Um dos pontos abordados é o consumo de ovo, um alimento nutritivo, mas que pode conter até 250 mg de colesterol em uma unidade. O que deve ser levado em conta para recomendar o consumo de até um ovo por dia?
O motivo da menor preocupação com o consumo de ovos vem do entendimento que o colesterol da alimentação tem menor capacidade de aumentar o colesterol sanguíneo do que as gorduras saturadas e as trans. Além disso, a resposta do colesterol do sangue ao consumo de colesterol pela alimentação é muito variável de pessoa para pessoa e após determinado valor atinge um patamar, ou seja, pode-se aumentar o consumo sem que haja aumento do colesterol sanguíneo. Para que uma pessoa possa consumir um ovo por dia ela deve primeiro saber qual é o valor do seu colesterol e depois de cerca de três meses, dosar novamente para observar se houve variação.
2.Por que houve mudança na recomendação de ácidos graxos saturados para até 10% do valor calórico total da dieta?
A recomendação anterior era de até 7%, o que era muito restritiva e não completamente embasada em evidências. No entanto, para as pessoas com hipercolesterolemia ou presença de aterosclerose significativa, a recomendação ainda é < 7%.

3.A substituição de gorduras saturadas na alimentação é recomendada como estratégia para o controle da colesterolemia. Uma questão importante é qual nutriente deve ser utilizado nesta substituição. Qual seria a melhor opção em termos de redução do LDL-colesterol e do risco de doenças coronarianas?
A melhor substituição é por gorduras insaturadas, que podem ser mono ou poli-insaturadas. Existe discussão de qual delas seria a melhor para essa substituição e o que se pode recomendar é que ambas sejam consumidas. Entretanto, devem-se levar em conta as calorias das gorduras e se houver necessidade de perda de peso, a substituição pode envolver, também, o consumo de carboidratos complexos.

4.Existe certa controvérsia quanto à relação ômega-6/ômega-3. Alguns especialistas advogam a diminuição do consumo de ácidos graxos ômega-6, embora evidências recentes indiquem o benefício deste tipo de gordura para a saúde cardiovascular. O que se concluiu a respeito deste tópico?
Esses dois tipos de gordura são importantes para nosso organismo. Não se tem mais o conceito de que uma é boa e a outra é má. Assim, hoje se acredita que a relação ômega 6/ômega 3 deva estar entre 1:1 e 5:1.

5.Informações básicas sobre os problemas de saúde decorrentes de práticas não saudáveis, como tabagismo, sedentarismo e consumo excessivo de gorduras saturadas são bastante difundidas. Mesmo assim, a prevalência de fatores de risco permanece alta, como mostram os inquéritos nacionais. Em sua opinião, quais as principais barreiras que impedem que os conhecimentos se transformem em hábitos na população?
Primeiramente, temos evidências de que a maioria da população ainda desconhece a relação entre os fatores de risco e as doenças. Muitos ainda não conhecem os malefícios do cigarro, da má alimentação, da falta de atividade física e da hipertensão arterial. Em segundo lugar, é muito difícil mudar hábitos uma vez que eles estejam enraizados. Daí surge a importância da prevenção do próprio fator de risco e não das doenças que eles causarão. Isso é conhecido como prevenção primordial. Em terceiro lugar eu cito a ignorância de muitos profissionais de saúde (muitos médicos entre eles) a respeito desses problemas e em quarto o nosso atual sistema de saúde, seja ele público ou de convênios – quem é que consegue mudar alguma coisa de seu paciente durante uma consulta que demora quinze minutos ou até menos?

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