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, 18 maio 2024
 
 

Tenho um filho adolescente…

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Tania Lima 1Expressão que se tornou comum em nossa cultura para expressar angústia de pais ou justificar comportamentos de filhos. Entretanto, será que nós, pais, cuidadores, professores, os “adultos” descritos como “equilibrados”, “experientes” e “conhecedores dos fatos da vida”, compreendemos esse ciclo de vida de nossos adolescentes? Ou nos desesperamos e os consideramos um “problema” por não sabermos lidar com eles…?

A adolescência consiste num período de transição entre a infância e a idade adulta que envolve grandes mudanças físicas, cognitivas e psicossociais interrelacionadas, que dura aproximadamente 10 anos, iniciando-se aos 11 ou 12 anos e perdurando até os 20 anos ou um pouco mais, e que apresenta como tarefa principal firmar uma identidade (Papalia, 2006).

Nesse período a aparência física, os pensamentos e sentimentos mudam. As rápidas mudanças físicas possuem ramificações psicológicas, levando a maioria dos adolescentes a preocupar-se mais com sua aparência do que com qualquer outro aspecto de si mesmo. Influências hormonais e sociais contribuem para exacerbação das emoções e instabilidade no humor. O grupo de amigos serve como campo de teste para as ideias sobre sua vida e sobre si mesmo. Geralmente, apresentam, como aspecto imaturo do pensamento: 1) Tendência a discutir – estão sempre em busca de oportunidade para testar e exibir suas habilidades de raciocínio recém-descobertas; 2) Indecisão – fruto da consciência das várias escolhas que a vida oferece e a percepção que ao escolher uma, estará abrindo mão das outras; 3) Encontrar defeitos nas figuras de autoridade (pais, professores, etc.) – percebem que os adultos que antes veneravam e o mundo, estão muito aquém de seus ideais; 4) Hipocrisia aparente – não reconhecem a diferença entre expressar um ideal e fazer os sacrifícios necessários para viver de acordo com eles ou para conquista-los; 5) Autoconsciência – criam, mentalmente, um observador, por acreditarem que todo mundo está pensando nele e observando-o o tempo todo; 5) Suposição de invulnerabilidade – acreditam que são especiais; que sua experiência é única (“ninguém jamais se apaixonou como eu”); que não estão sujeitos às regras que regem o resto do mundo (“os outros ficam dependentes de drogas, eu não”), (Papalia, 2006).

As enormes mudanças sociais, culturais e tecnológicas ocorridas em um curto espaço de tempo, têm feito com que adolescentes e adultos tenham experiências de vida tão semelhantes e, ao mesmo tempo, completamente diferentes em seus significados e consequências, causando-nos um grande conflito entre gerações. Zimerman (2004) alerta-nos para o fato de que nos é indispensável considerar que o adolescente atual vive em uma cultura de um “pós-modernismo”, de sorte que seus valores destoam bastante dos valores convencionais das gerações anteriores; no lugar do namoro clássico, predomina as sucessivas experiências de “ficar”, sem maior compromisso; a internet estimula e propicia uma rede de comunicações com toda a aldeia global; a mídia exerce um enorme poder de persuasão, ditando padrões de beleza e de comportamentos. Sem considerar tais diferenças, com adultos e adolescentes radicalizando suas respectivas posições, com pais e filhos chegando ao limite da intolerância, instala-se a chamada “guerra de gerações”, conduta que pode levar ao aparecimento ou aumento de conflitos já existentes a ao distanciamento entre as partes. É preciso estabelecer ou reestabelecer a comunicação, na qual cada um aprenda a escutar o outro, mas escutar destituído de si, interessado em entender o que o outro está tentando dizer, de acordo com sua capacidade cognitiva e experiência de vida. Além da necessidade de pais, cuidadores e professores compreenderem que é impossível retroceder ou ignorar esse “novo mundo” em que os adolescentes vivem, sendo mais positivo considera-lo, compreendê-lo e analisa-lo antes de condená-lo como nocivo.

Uma boa estratégia para lidar com tais mudanças e diminuir os conflitos entre as gerações, é identificar que tipo de relação existe entre os pares, pois diversos estudos tem demonstrado que adolescentes criados democraticamente são emocionalmente mais saudáveis, socialmente mais competentes, apresentam melhor desenvolvimento acadêmico e apresentam menos problemas de comportamento.

Papalia (2006) classifica as relações parentais: Pais Democráticos fazem os adolescentes considerarem os dois lados das questões; admitem que às vezes, os filhos sabem mais que os pais e aceitam sua participação nas decisões familiares e conseguem um bom equilíbrio entre fazer exigências e manter responsividade. Seus filhos recebem elogios e privilégios por apresentarem boas notas, por exemplo, e recebem auxílio e encorajamento para se esforçarem mais quando apresentam notas baixas, impõem limites adequados; Pais Autoritários cobram dos adolescentes que não discutam com os adultos e nem os questionem, dizendo-lhes que eles “irão entender quando forem adultos”. Boas notas,por exemplo, trazem admoestações para melhorarem ainda mais. Notas baixas perturbam profundamente os pais, que podem punir o filho de diferentes formas sem se preocupar com a causa de tais notas e nem oferecer-lhes auxílio ou procurar entender quais seus motivos. Pais Permissivos não se importam com notas, não estabelecem regras, não participam das cerimônias escolares, não ajudam e nem verificam o dever escolar. Não são negligentes ou indiferentes, apenas acreditam que o adolescente deve ser responsável por suas próprias vidas, como se eles tivesse maturidade psíquica e, às vezes, até física para tal. É importante lembrar que a liberdade concedida aos jovens é bastante sadia desde que enquadrada em limites bem definidos.

Tânia de Lima Gomes Coelho, Psicóloga clínica, CRP 18/02041.

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