A vida profissional é feita de pequenos estágios ou níveis de aprendizagem. Começamos numa determinada condição e à medida que avançamos na escola também avançamos na vida, até o momento em que surgem oportunidades profissionais que vão nos moldando como profissionais.
A expectativa em torno de nós vai crescendo cada vez que uma dessas fases é transposta, mas a partir da faculdade, qualquer que seja a graduação concluída, já se espera muito mais dos candidatos que intensa vontade ou motivação para o trabalho.
O que se encontra nos currículos recebidos pelas empresas e pelas impressões geradas por vários candidatos é de que há um amontoado de informações dispostas no papel, que muitas vezes notadamente são colocadas como atendimento a um discurso padrão nas contratações, somadas a erros que beiram ao ridículo. A percepção é de que a promessa normalmente não condiz com a prática.
A questão a ser discutida aqui não é como e tão pouco o que colocar no currículo profissional, mas sim que tipo de conhecimento é minimamente necessário para que haja maior capacidade de inserção no mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que permita reduzir o custo das contratações e o tempo de treinamento para as empresas.
É verdade também que muitas empresas ainda fazem exigências aos candidatos em seus critérios de seleção e que freqüentemente não são utilizadas naquela ou noutras posições que essa pessoa possa ocupar na organização.
Requerem, por exemplo, conhecimentos em outras línguas, quando na verdade, salvo posições específicas, ainda são poucas as empresas que utilizam essas qualificações depois que os candidatos são selecionados. Colocam-se em segundo plano competências muito mais relevantes para as funções, muitas vezes por modismos ou mesmo por seleções já padronizadas e adaptadas por encarregados sem o preparo para tal. Nesse quesito, parece que as empresas também necessitam um pouco mais de profissionalismo.
Outra demanda recorrente nos critérios de seleção é aptidão para trabalhar em grupo, mas quando assumem as suas funções na empresa, os colaboradores encontram chefes centralizadores com medo de discussão ou qualquer coisa que possa, por um minuto, permitir que algo saia do seu controle.
A questão central é que, excluindo-se as atividades puramente operacionais ou de chão de fábrica, as pessoas (futuramente profissionais) chegam às empresas com conhecimento e habilidades básicas mínimas.
Mesmo aqueles com bom currículo, leia-se experiência, ainda pecam no atendimento às necessidades empresariais que em boa medida são de necessidade clara, como capacidade de escrita coerente, habilidades com softwares básicos como editor de texto, editor gráfico ou planilha eletrônica.
Estes profissionais chegam às empresas com curso superior concluído, mas mantém a escrita sofrível e o medo de assumir o controle de um microcomputador ainda é evidente. Podem ter conhecimento de algumas técnicas de redação, mas na hora de reunir conteúdo com técnica acabam se atrapalhando.
Digitam, mas escrevem mal, apresentam dificuldade para formatar um texto, criar um sumário simples ou criar uma tabela. Produzir uma planilha eletrônica com recursos básicos para analisar alguns conjuntos de valores ou apresentar gráficos capazes de satisfazer os visuais é algo ainda pertencente ao futuro.
Ninguém que não seja da área de informática tem obrigação em apresentar domínio destas ferramentas, mas em pleno século da inteligência de negócios torna-se condição sine qua non conhecimentos nas áreas de suporte às atividades principais para aqueles que almejam entrar ou mesmo se manter no mercado.
Dito de outro modo, não basta apenas capacidade de aprendizagem, motivação e vontade para quem quer espaço no mercado. Neste estágio, se espera conhecimentos específicos capazes de iniciar imediatamente as atividades na empresa sem que se necessite ensinar o óbvio.
Boa semana de Gestão & Negócios.
(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É diretor de relações com o mercado do IBG, professor e palestrante – [email protected]
