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Mudança mexe com o ritmo fisiológico de boa parte da população

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É possível que esta seja a última vez que o Horário de Verão seja adotado no Brasil

Foto: Arquivo/Agência Brasil

O Horário de Verão começou à 0h deste domingo (15), e os relógios deverão ser adiantados em uma hora para se adequar à medida. A mudança vai valer até o dia 18 de fevereiro de 2018. É possível que esta seja a última vez que o Horário de Verão seja adotado no Brasil. Isso porque autoridades do setor elétrico constataram mudanças nos hábitos de consumo de energia dos brasileiros. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o que mais tem influenciado o horário de pico do consumo de energia não é mais a incidência de luz solar, e sim a temperatura.
Se por um lado boa parte da população se incomoda com as alterações que o Horário de Verão causa na rotina, por outro há muita gente que prefere chegar em casa ainda com a luz do dia. Gostando ou não da mudança, uma coisa é certa: ao alterar a rotina – em especial a hora de acordar e de dormir – o Horário de Verão mexe com o ritmo fisiológico de boa parte da população. A respeito desse assunto, a reportagem ouviu alguns profissionais da área e também fez uma enquete com moradores nas ruas da cidade. Confira a seguir:


NEUROLOGISTA ALERTA:

Regular o relógio biológico não é algo tão simples assim

Altemar Lopes, médico neurologista: “quando se adianta o relógio, o nosso ciclo circadiano demora algum tempo, até semanas para se adaptar.” – Foto: Arquivo

Deivid Rodrigues
Da Reportagem

Fazer o adiantamento de uma hora em um relógio é algo extremamente simples, porém não é tão simples quando se trata do relógio biológico do ser humano. Essa avaliação foi feita pelo médico neurologista Altemar Lopes. Segundo ele, o ser humano possui dentro de si uma espécie de “cronômetro”, que dita os horários das funções internas.
É o chamado “Ciclo Circadiano”, que funciona a partir da interação dos hormônios de cada pessoa com a luz solar. “Quando se adianta o relógio, o nosso ciclo circadiano demora algum tempo, até semanas para se adaptar. Esse período de adaptação pode ser até mais demorado em crianças, idosos ou pessoas que já tenham distúrbios de sono. É justamente nessa transição que podem ocorrer alguns problemas”, explicou o médico.
Ainda conforme Altemar Lopes, os principais problemas que podem surgir estão relacionados com a mudança no padrão de sono das pessoas. “Ou seja, elas vão para a cama mais cedo sem estarem com sono, e, consequentemente, demoram mais para dormir e isso faz com que a pessoa acabe dormindo menos tempo, gerando um déficit de sono”, explicou.
De acordo com o neurologista, esse déficit de sono pode gerar várias consequências. Um dos prejuízos é que as pessoas podem ficar mais cansadas durante o dia e isso pode impactar na eficiência e produtividade no trabalho. “Existem até alguns trabalhos indicando que nesse período de transição, as pessoas tendem a perder mais tempo em artigos inúteis e mídias sociais no seu período de trabalho”, afirmou Altemar Lopes.
Além disso, segundo o médico, o cansaço e a desatenção podem ser responsáveis por aumentos de índice de acidentes de trânsito. “Podem ocorrer dores de cabeça, alterações de humor, as pessoas ficando mais irritadas e impacientes. Há também estudos mostrando que pode haver ainda alterações nos hormônios de saciedade, fazendo com que as pessoas comam mais e alimentos mais calóricos e gordurosos”, reiterou.
Altemar Lopes citou que uma equipe de pesquisadores suecos conduziu um estudo, no ano de 2008, que apontou que as três semanas após a alteração de horário há um aumento de 5% nos índices de ocorrências de ataques cardíacos em relação a outras épocas do ano.
ORIENTAÇÕES – Para tentar minimizar ao máximo esses efeitos ruins, segundo o neurologista, a dica é dormir pelo menos dez minutos mais cedo a cada dia, durante dez dias. “A adaptação lenta e gradual segue o mesmo ritmo do relógio biológico, sem causar reações no organismo”, declarou.
Conforme o especialista, o ideal é manter também a qualidade e a regularidade do sono seguindo alguns hábitos. “Escolha um ambiente escuro, silencioso, com boa temperatura todos os dias. Evite fazer exercícios três horas antes de dormir e ingerir cafeína após o meio dia. Evite também fazer refeições pesadas à noite”, concluiu Altemar Lopes.


PARA AMENIZAR O IMPACTO

Cuidar do sono é a melhor saída para se adaptar

Com a chegada deste período do ano – marcado pelos dias mais longos – alguns cuidados com a saúde devem ser tomados para amenizar o impacto da mudança de horário no organismo, que normalmente sofre com a alteração por pelo menos uma semana.
Dentre as precauções que devem ser tomadas, a médica Aliciane Mota, do Instituto Brasiliense de Otorrinolaringologia (IBORL), a exemplo do que pensa o Dr. Altemar Lopes, defende que o ideal é que a adaptação comece uma semana antes, mas caso não haja tempo suficiente, a recomendação é tentar manter a regularidade na hora de dormir e até mesmo de comer, mesmo que não haja apetite.
A médica também sugere que a alimentação se baseie em refeições leves com alimentos de elevada carga hídrica e grande ingestão de líquidos. “Devemos optar sempre por uma alimentação mais leve e caprichar na ingestão de líquido. Pois com os dias mais longos e a alta exposição à luz solar, nosso corpo sofre mais com a desidratação e acaba nos deixando bem mais cansados”.
Aliciane alerta para o uso de medicamentos para dormir durante o período, pois impedem que a fase profunda do sono ocorra, deixando o usuário mais cansado no dia seguinte. “Certas medicações fazem com que a pessoa durma com maior facilidade e por mais tempo durante a noite, mas é neste momento em que ocorrem os picos de sono que acabam sendo reprimidos pelo medicamento, atrapalhando a fase profunda do sono”, alerta a médica.
Outros cuidados que devem ser tomados antes de dormir incluem evitar alimentos estimulantes como refrigerantes, chocolates, comidas pesadas e que contenham cafeína, e procurar não praticar exercícios físicos nas três horas que antecedem o sono, pois eles retardam sua chegada e estimulam o organismo.
CUIDADOS COM AS CRIANÇAS – É normal que os efeitos do horário de verão afetem mais as crianças que tendem a sofrer mais no processo de adaptação. Segundo Aliciane Mota, uma saída é que os pais tentem ser mais firmes na regularidade dos hábitos dos filhos.
Já sobre a alimentação, a médica defende que é normal que elas tenham problemas no início. “É interessante deixar que a criança coma até um pouco mais do que o normal ou do que gosta. Isso evita que ela fique tanto tempo sem comer”, sugere a médica.


ACADEMIAS

Horário também interfere na prática de atividades físicas

Ruberval Volpe, empresário e professor de Educação Física – Foto: Arquivo

Deivid Rodrigues
Da Reportagem

O horário de verão também pode interferir na prática de atividades físicas. De acordo com o empresário e professor de educação física, Ruberval Volpe, é possível notar na academia que quando começa a trabalhar muito cedo, perde um grande número de alunos pelo fato dos mesmos dormirem uma hora a menos e os que vão acabam tendo rendimento abaixo da média.
“Também possui o fator segurança, pois se está muito escuro, aumenta o número de assaltos provocando insegurança nas pessoas e, consequentemente, a desistência de frequentar a academia durante o horário de verão”, revelou Volpe.
Segundo o professor de educação física, em relação às crianças, o rendimento é pior. “Já que possuem uma adaptação mais lenta, chegando à academia com sono, chorando e não querendo fazer os exercícios”, afirmou.
Em compensação, conforme Volpe, durante a tarde, devido ao tempo maior de luminosidade, isso favorece no aumento do número de praticantes de atividade física e também no número de alunos nas academias, levando em consideração os inúmeros benefícios de um exercício físico.
“Benefícios como: perda de peso, aumento da resistência, evita problemas cardiovasculares, estimula a produção e liberação de endorfina, diminui os riscos de Diabetes Tipo II, redução da depressão e mantém o bom funcionamento do sistema músculo-esquelético”, citou o professor.
Ruberval Volpe ainda lembrou que é importante a avaliação médica antes do início das atividades físicas e também é primordial o acompanhamento de um profissional de educação física.


ENQUETE

Horário de verão divide opiniões

Foto: Deivid Rodrigues/A TRIBUNA

Fabio Roberto Alves Duarte – motoboy

“Sou contra. Não concordo com essa mudança, porque com o horário normal você ganha uma hora de sono, mas no horário de verão você perde uma hora”.

Foto: Deivid Rodrigues/A TRIBUNA

José Nilson Alves da Silva – mototaxista

“Sou a favor. Para mim tanto faz, seria bom ficar um horário só, manter um dos horários fixo. O horário de verão vai ser melhor”.

Foto: Deivid Rodrigues/A TRIBUNA

Danielle Comim – comerciante

“Sou a favor. Porque com o horário de verão você tem mais tempo para as atividades diárias. Eu aproveito o tempo a mais com luz solar, no começo da noite, para trabalhar mais”.

Foto: Deivid Rodrigues/A TRIBUNA

Edna Escobar – comerciante

“Sou a favor, porque com o horário de verão dá para sair na rua e fazer compras. É um período ao qual eu aproveito também para ir à academia”

Foto: Deivid Rodrigues/A TRIBUNA

Sebastião Ferreira Amorim Filho – motorista

“Sou contra, porque não dá para fazer praticamente nada. Quando estou no serviço não posso expandir a hora, porque já acabou as oito horas trabalhadas. Se estipula hora trabalhada acaba passando rápido”

Foto: Deivid Rodrigues/A TRIBUNA

Maria Aparecida Chaves – aposentada

“Para mim tanto faz, porque é o mesmo tempo. Não acho diferença na hora. Tudo igual. A diferença é que diminuirá uma hora. Me adapto fácil. Aproveito o tempo a mais de luz solar no começo da noite para diminuir o consumo com luz elétrica”

Foto: Deivid Rodrigues/A TRIBUNA

Fernando Bachi – motorista

“Tanto faz. Não faz diferença. Não tem proveito”

Foto: Deivid Rodrigues/A TRIBUNA

Regina Luzia Cardoso – vendedora

“Sou a favor, porque a gente percebe que a partir de 5h30 já há sol quente. Dá para suportar o horário de verão. Dá para sair no claro para fazer caminhada. Após as oito horas de serviço, dá para chegar em casa e ainda fazer atividade física”

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2 COMENTÁRIOS

  1. Sou contra esse horário! Será que o Governo não acompanha as pesquisas ,apontando o prejuízo que esse horário causa impacto na saúde?e gerando transtornos e riscos até de acidentes? Isso devido a mudança fisiológica. Pra que insistir em algo que não nos trás benefícios nenhum. Na minha opinião deveria terminar com isso de uma vez e não deveriam nem adapta–lo este ano!

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