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, 30 maio 2024
 
 

Empresário diz que Taques sabia do esquema de fraudes na Seduc

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Alan Malouf também afirmou em seu interrogatório que o governador tinha conhecimento da existência de caixa 2 na campanha eleitoral de 2014

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Alan Malouf afirmou que após a prisão de Giovanni Guizardi, em maio de 2016, ligou para o governador, que marcou uma reunião com ele no Palácio Paiaguás – Foto: Arquivo

O empresário Alan Malouf, que cumpre prisão em regime domiciliar, disse em interrogatório ontem à juíza Selma Arruda,  7ª Vara Criminal de Cuiabá, que o governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB) tinha conhecimento do esquema de desvio de dinheiro na Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e da existência de “caixa 2” na campanha eleitoral de 2014, quando concorreu ao governo do estado.
Dos R$ 2 milhões que doou, Malouf disse ter recebido de volta R$ 260 mil de forma parcelada. Em duas ocasiões, o dinheiro foi entregue na empresa dele e, em outra, na casa dele. Ele disse que, no final da campanha, restou um débito e que ele ajudou a saldá-lo. “Foi feito um rateio para saldar a dívida e eu ajudei a pagar. Foi como um empréstimo, a pedido do próprio governador”, explicou. O empresário afirmou que se dispõe a devolver esses mais de R$ 200 mil provenientes de propina que recebeu.
GOVERNADOR FOI ALERTADO
Além da doação, a qual ele classifica como empréstimo, o buffet de propriedade dele fez o coquetel da cerimônia de posse de Taques como governador, em janeiro de 2015. Ele alega que não recebeu o pagamento pelo serviço prestado e que alertou o governador em maio do ano passado sobre a descoberta do esquema com a operação Rêmora, que investiga desvio de dinheiro por meio de licitações para obras de construção e reforma de escolas no estado.
Pessoalmente, o empresário disse ter alertado o governador, que na ocasião estava na companhia de Paulo Taques, ex-secretário da Casa Civil e primo de Pedro Taques, sobre o caso, mas, segundo ele, o governador disse que iria resolver tudo e que ele deveria ficar tranquilo. “Eu o lembrei da doação feita pelo Guizardi durante a campanha dele. Ele disse que iria resolver o assunto e que eu deveria ficar tranquilo”, pontuou.
Giovani Guizardi, que é dono de uma construtora e casado com uma prima de Alan Malouf, doou R$ 200 mil para a campanha eleitoral, segundo o empresário. Guizardi também foi preso no ano passado. Passou sete meses na prisão e foi solto após firmar acordo de delação premiada.
Alan Malouf afirmou ainda que, quando o ex-secretário estadual de Educação, Permínio Pinto, foi preso, em julho do ano passado, ele voltou a alertar o governador. Novamente, Taques teria dito que iria revolver a situação, mas, de acordo com o empresário, nada foi resolvido. “Eu o alertei novamente, mas ele já sabia e disse que ia tratar do assunto. Ele não deu detalhes, mas disse para eu ficar tranquilo que iria dar um jeito de resolver e soltá-los. Mas isso não aconteceu, tanto é que eu também fui preso”, disse Malouf, que foi preso em dezembro do ano passado, acusado de receber propina do governo como pagamento pelas doações feitas à campanha de Taques. Ele foi solto uma semana depois e usa tornozeleira eletrônica.
Malouf disse que Guizardi o procurou em 2015, pedindo a ele para ser apresentado ao secretário de Educação. O empresário alega que é amigo de Guizardi há mais de 12 anos e que apenas fez a aproximação entre o dono da construtora e Permínio Pinto. “Eu apresentei os dois. Dali para a frente, foi com eles”, disse.
Um tempo depois, Guizardi teria voltado a procurar Malouf e insistido para que ele participasse de um esquema que já estaria rodando na Seduc, a fim de recuperar o dinheiro que havia sido aplicado na campanha de Taques ao governo. Ele disse que não sabia como funcionava o esquema ou as empresas que participavam da fraude.
“Só soube que [a propina] era um percentual sobre o faturamento das empresas. Nunca estive ou participei de reuniões com empresários. Fui beneficiado com o valor, mas não participava diretamente. Guizardi nunca me mostrou uma planilha, um demonstrativo que falasse em percentuais. Não participei dessa questão de rateios e divisões de valores, mas sabia que outros também estavam recebendo”, afirmou.
Malouf é acusado pelo Ministério Público Estadual (MPE) de ser parte do núcleo que liderava uma quadrilha que fraudava licitações de obras em escolas públicas do estado. Os crimes teriam sido cometidos entre 2015 e 2016, dois primeiros anos do governo Taques.
O MPE diz que o empresário tinha a função de formular e aprovar os métodos para desviar dinheiro público da Seduc, durante a gestão Permínio Pinto, também acusado de fazer parte da quadrilha. Malouf foi denunciado pelo Ministério Público por organização criminosa e corrupção passiva.
CONFISSÃO SERÁ ENCAMINHADA À PGR
Após a confissão do empresário, o promotor de Justiça Carlos Zarour, do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) afirmou que o conteúdo da confissão será encaminhado à Procuradoria Geral da República (PGR), órgão com atribuição de investigar o governador e processá-lo perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Sempre que é citada autoridade com foro, é encaminhado aos órgãos competentes para investigar essas autoridades. É muito provável que vai ser porque é dever funcional nosso encaminhar denúncias contra qualquer autoridade que tenha prerrogativa de foro e que nós não temos atribuição para investigar”, disse Zarour.
Apesar disso, ele adiantou que isso não significa que Taques será investigado. “Se vai haver investigação ou não, é o órgão com atribuição a investigar essa autoridade que vai tomar essa decisão”, explicou.


Outro lado

Em nota, a assessoria do Paiaguás afirma que o “governador Pedro Taques reagiu com indignação às declarações mentirosas, irresponsáveis, levianas e sem provas do senhor Alan Malouf sobre a existência de um suposto ‘caixa 2’ na sua campanha de 2014”.
O governador reitera o que já disse publicamente sobre o caso: não houve caixa dois em sua campanha e que sua prestação de contas foi aprovada sem ressalvas pela Justiça Eleitoral, onde pode ser acessada por qualquer pessoa.
Pedro Taques também esclarece que tomou todas as medidas que competiam ao Estado assim que a operação do MPE foi deflagrada para apurar a existência do esquema de conluio de empresários, “entre os quais o senhor Alan Malouf, e servidores públicos para fraudar licitações na Secretaria de Estado de Educação”.
Esclarece, ainda, q ue dos 16 contratos denunciados pelo Ministério Público nas três fases da Operação Rêmora, o Governo rescindiu 14 deles, impedindo a materialização de prejuízos ao Erário, além de outras medidas, inclusive judiciais, para ressarcimento de valores que eventualmente tenham sido desviados dos cofres públicos. “Dois contratos não foram rescindidos porque já estavam com sua execução praticamente concluída, sem prejuízo de eventuais sanções por comprovação de alguma ilegalidade”.
“Portanto, o governador rechaça com veemência a insinuação mentirosa do senhor Alan Malouf – réu confesso de receber propina do esquema e apontado pelo MPE como líder da quadrilha – de que ele tivesse conhecimento prévio das ilegalidades. Por fim, Pedro Taques reitera sua confiança na Justiça e no Ministério Público, e tem convicção que ao final das investigações e ações judiciais em curso, a verdade prevalecerá, e todos aqueles que tiverem responsabilidade nos crimes cometidos serão punidos na forma da lei”, conclui a nota.

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