O prefeito José Carlos do Pátio (SD), que venceu as eleições de 2016 e retornou ao Paço Municipal para um segundo mandato, completou um mês de gestão frente à Prefeitura Municipal de Rondonópolis. Neste período, além de montar sua equipe de trabalho e tomar parte da situação do Município, Zé do Pátio teve que lidar com polêmicas, como a indicação de secretários com passagens policiais, protestos, como o dos aprovados no concurso público e convocados pelo ex-gestor que cobram a nomeação, além de herdar problemas que foram deixados por Percival Muniz, como ruas esburacadas e ecopontos abarrotados de lixo.
Nesta edição, a reportagem faz uma análise desse primeiro mês de gestão, usando também como base a entrevista concedida pelo atual prefeito ao Jornal A TRIBUNA, ainda enquanto candidato. Conduzida na época pelos jornalistas Márcio Sodré e Patrícia Cacheffo, e também com o uso de perguntas feitas por leitores, a entrevista aconteceu no dia 2 de setembro e foi publicada na edição do dia 4 de setembro. Os demais candidatos a prefeito na eleição 2016, Percival Muniz, Rogério Salles e Rubens Cantuário também foram entrevistados. O objetivo dessa análise é cobrar promessas e compromissos feitos para com a sociedade, bem como apontar os pontos positivos e negativos do início de trabalho de Zé do Pátio, que, lembrando, tem apenas um mês como gestor do Município.
PRINCIPAIS PONTOS
Durante a entrevista, questionado sobre o Rotativo Rondon e o Pátio Rondon, medidas adotadas na gestão anterior e muito impopulares, Zé do Pátio afirmou que concordava com o sistema de estacionamento rotativo no Centro, mas que o preço e a tolerância deveriam ser revistos. Quanto ao Pátio Rondon, o então candidato foi categórico em dizer que extinguiria o serviço, que não era responsabilidade do Município, mas do Estado. Até o momento, nem a discussão quanto ao Rotativo Rondon foi aberta com a sociedade, e nem o Pátio Rondon foi extinto. Inclusive, neste ano, em nova entrevista, mudando o discurso, o prefeito disse que vai avaliar a situação do Pátio Rondon, para então tomar uma posição. Na época, a posição do prefeito era clara pela extinção do serviço. O que se sabe é que as vontades do prefeito esbarraram nos contratos com as empresas que prestam o serviço para o Município, cujo rompimento tem multas altas.
O prefeito também disse que verificaria o funcionamento do sistema de fiscalização eletrônico, importante para coibir acidentes, mas que não poderia ser uma indústria de multas. Até o momento, não há informações de auditorias ou investigações quanto a eficácia dos radares da cidade, apesar de denúncias de agentes de trânsito. Ainda no setor de trânsito e transporte, ele prometeu chamar a categoria de taxistas para discutir uma lei e normatizar o serviço em Rondonópolis. Contudo, ao fim da gestão Percival Muniz, vagas de táxi foram criadas no apagar das luzes, e, a atual gestão, que disse que revogaria esse decreto, ainda não o fez.
Com a relação a saúde, classificada por Pátio como o maior problema de Rondonópolis, o início de gestão tem enfrentado problemas com a limpeza das unidades de saúde, falta de médicos em alguns PSFs, troca de equipes em unidades e falta de medicamentos, esta ocasionada por ineficiência da gestão anterior, que atrasou a licitação. Outro impasse vivido se deu com a intenção da contratação do Consórcio Regional de Saúde para prestação de serviços de urgência e emergência, que gerou grande polêmica e rejeição dos aprovados no último concurso público municipal. O maior problema que se vê no momento é a necessidade por parte do Município em firmar convênio com a Santa Casa de Rondonópolis, para que serviços cardiovasculares de alta complexidade sejam realizados na unidade via SUS. Vale lembrar que a verba já foi liberada pelo Ministério da Saúde e resta apenas o Município contratualizar o serviço. Apesar do compromisso de resolver a questão rapidamente, a gestão ainda não o fez.
DIÁLOGO E EQUIPE
Quanto ao diálogo com a sociedade, entidades de classe, clubes de serviço e a imprensa, o prefeito admitiu que cometeu erros em sua gestão anterior, e que se eleito, mudaria seu comportamento. Não há dúvidas, neste quesito a promessa está sendo cumprida. Zé do Pátio também prometeu ser um gestor plural, atendendo desde a pessoa mais humilde até o megaempresário, e assim tem feito. Acusado de centralizador em sua outra passagem pela Prefeitura, o prefeito também admitiu o erro e prometeu se educar. Apesar de que em forma mais moderada, as informações que chegam do Paço é de que o prefeito ainda centraliza muitas questões, embora mais flexível. Quanto a formação de sua equipe de governo, o prefeito revelou que alguns setores importantes, como o de Desenvolvimento Econômico, teriam os nomes indicados discutidos com os setores interessados e a sociedade, o que não aconteceu. Todas as indicações do prefeito foram, ou por vontade própria ou para atender partidos políticos de sua base de apoio, além da chamada gestão de coalizão, que prometeu e vem cumprindo.
INÍCIO DE TRABALHO
Com relação aos demais assuntos tratados durante a entrevista em campanha eleitoral ao A TRIBUNA, a análise é de que ainda não houve tempo hábil para resolução de algumas situações, como a retomada de obras que estão paradas e início de construção de outras. A cobrança portanto, continua ao longo da gestão. Vale ressaltar que a cidade tem inúmeros problemas, como os PSFs com obras paralisadas, conclusão embargada do prolongamento da Avenida Beira Rio, conjuntos habitacionais parados, parques de lazer não finalizados, e o prefeito muitos desafios, como a busca por empresas para se instalarem na cidade e gerarem empregos, equipamentos urbanos para lazer e esporte, almoxarifado para cada secretaria Municipal, dentre outros.
AVALIAÇÃO
Com um mês frente a Prefeitura, o prefeito Zé do Pátio mostra, ao menos, vontade de fazer uma gestão bastante diferente de sua primeira passagem pelo paço municipal, tão criticada por alguns, e idolatrada por outros, tanto é que recebeu o voto de confiança da maioria para voltar ao cargo. Neste primeiro momento, Zé do Pátio teve uma derrota na Câmara de Vereadores, quando não conseguiu eleger sua mesa diretora, tentou terceirizar a saúde (e continua tentando), encontrou a Coder sem contratos e a cidade em meio a uma situação caótica de buracos e lixo em ecopontos, problemas que estão sendo solucionados.
Tem duas importantes pendências judiciais para resolver, como a liberação para o término da obra da Avenida Beira Rio, para se ter acesso efetivo à BR-364, e resolução por definitivo dos vazamentos de esgoto no Rio Vermelho, oriundo da estação elevatória da Vila Canaã. Outra situação que precisa ser resolvida com urgência é o problema registrado na rotatória da Rua Fernando Correa da Costa, com a nova ponte “Aroldo Marmo de Souza”, sobre o Rio Vermelho. Teve algumas mudanças de discurso, mas também cumpriu algumas promessas de campanha, como melhorar seu diálogo e relacionamento com os diversos setores. Ainda precisa acelerar o processo de recuperação das vias urbanas do município, em estado crítico, e promover uma gestão mais célere, com menos morosidade na realização das ações.
