Rondonópolis completa hoje 95 anos de sua fundação

Em 10 de agosto de 1915, quando o então governador de Mato Grosso, Joaquim Augusto Costa Marques, assinou o decreto nº 395 criando a “Povoação do Rocio do Rio Vermelho” não imaginava a importância daquele ato para a história desta região. Na ocasião, pautando-se no Decreto n° 130 de 4 de junho de 1902, o governador designou a reserva de terras para a formação do povoado, conforme registro do Arquivo Público de Mato Grosso: “Fica reservada desde já uma área de terras de 2.000 hectares para o rocio da Povoação do Rio Vermelho, no passo da estrada de Santa Rita do Araguaia, ao norte, uma outra linha da nascente do ribeirão Toguba-Bororéu à barra do ribeirão Poga-Pary, no rio Vermelho; da barra do Poga-Pary ao passo da estrada de Santa Rita; a oeste, o rio São Lourenço, desde a barra do Tugori até a barra do ribeirão Pocuba-Boreréu e por este acima até a sua nascente”.
TRAVESSIA DO RIO VERMELHO
De acordo com depoimentos de antigos moradores, um dos responsáveis pela criação do Povoado foi José Rodrigues dos Santos, migrante da cidade de Palmeiras–Goiás que, diante da necessidade de demarcar o espaço onde estava morando foi a Cuiabá solicitar providências junto ao governador de Mato Grosso. Outra conquista nessa época foi a criação da Escola Mista do Rio Vermelho que segundo  Bittencourt Lopes Esteves era vista como ponto de atração, pois o discurso de modernidade da época exigia o aumento do número de alfabetizados no país. Em outubro de 1920, por meio da Resolução nº 814  o povoado foi elevado à categoria de Distrito de Paz de Santo Antônio do Leverger e o seu o nome foi alterado para Rondonópolis. Na época, a cidade de Santo Antônio do Leverger, também conhecida como Santo Antônio do Rio Abaixo, se destacava economicamente devido às usinas açucareiras  que produziam além do açúcar, aguardente (pinga) que era exportada para os Estados Unidos. Em decorrência dessas mudanças e dada a necessidade de comunicação com outras cidades, foi implantado em 1922 o posto telegráfico na avenida Marechal Rondon.
Devido à descoberta de garimpos na região de Poxoréu e a emancipação daquela cidade, Rondonópolis passou a ser distrito de Poxoréu até a sua emancipação em 1953.
De acordo com pesquisa realizada por Danieli Montalvão, por meio de entrevistas realizadas com antigos moradores tanto da região de Rondonópolis quanto de Poxoréu,  a população de  Rondonópolis, nesse período de 1930 a 1953 se resumiu a poucas famílias, mas dois aspectos interessantes mostram que o distrito se mantinha vivo: a presença do Posto Telegráfico e a Casa de Campo de Pouso de aviões. Certamente esses elementos contribuíram para a sua revitalização a partir de 1947, com a criação da Vila Paulista e em 1949,  com a criação da Escola Reunida Cândido Mariano da Silva Rondon, posteriormente denominada Escola Sagrado Coração de Jesus.
Vale ressaltar, nesse processo, a coragem de mulheres e de homens que se fixaram nessa região, possibilitaram a criação  do Povoado do Rio Vermelho  e contribuíram para que Rondonópolis se tornasse a  Rainha do Algodão (nos anos 60); a Princesa do Leste (nos anos 70); a capital do soja e do agrobusiness (nos anos 80 e 90) e hoje pudesse despontar como pólo agrícola e industrial da região Centro-Oeste. Parabéns a todos os homens e mulheres que, de uma forma ou de outra, colaboram para que esta cidade possa ser ainda melhor. Como analisa Sérgio Rouanet, “nós habitamos a cidade, mas a cidade também habita em nós…”
*Laci Maria Araújo Alves é professora doutora do Departamento de História do Campus local da UFMT