Divórcio rápido é visto com preocupação

A emenda constitucional que acelera o procedimento de divórcio no Brasil foi analisada como negativa por religiosos de Rondonópolis. A emenda foi promulgada pelo Congresso Nacional, bastando agora ser publicada para entrar em vigor. Com a alteração, o casal que requerer a separação judicial não precisa mais esperar um ano para obter o divórcio ou comprovar separação de fato por pelo menos dois anos, deixando os recém-separados desimpedidos de imediato para novos casamentos.
Na avaliação do bispo católico da Diocese de Rondonópolis, dom Juventino Kestering, cada vez mais, as leis estão enfraquecendo os vínculos familiares, com prejuízos muito graves para as famílias e à sociedade; neste caso, principalmente para os filhos. Ele observa que, com essa nova realidade, estão fazendo com que o casamento não tenha mais valor. “Como falar de fidelidade e de casamento para as crianças, adolescentes e jovens, se as próprias leis demonstram que tudo é muito simples para o divórcio, em um dia tudo é resolvido”, questiona.
Dom Juventino Kestering argumenta que a Igreja Católica vinha lutando há algum tempo para impedir o avanço dessa emenda acerca do divórcio, mas não foi possível. “Em ano de eleição, tudo é permitido! Qual é o político que vai ir contra as tendências da sociedade? Mesmo que ele não concorde, ele vota a favor; é muito mais fácil”, criticou. “Como representante da Igreja Católica, a gente lamenta que haja um avanço na destruição da família na sociedade brasileira”, afirmou.
O pastor-presidente da Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Rondonópolis, a maior denominação evangélica da cidade, José Genésio da Silva, também vê a emenda que acelera o divórcio como negativa. O pastor acredita que essa alteração na lei, na verdade, acaba incentivando os desenlaces, pois o casal não precisa mais de certo tempo para refletir ou se arrepender antes de oficializar o fim do casamento. “Eu sou da opinião que o casamento tem que ser preservado”, afirma.
O pastor José Genésio diz que, no meio evangélico, o divórcio é aceito quando há infidelidade por parte de um dos cônjuges. No entanto, avalia ainda que a emenda que acelera o divórcio traz impacto negativo sobre as famílias brasileiras, pois haverá mais facilidade para por fim ao casamento. Além desse assunto, o pastor-presidente relatou que, na verdade, existem várias outras leis que tramitam no Congresso e que vão dificultar a atividade religiosa no Brasil, trazendo preocupação. Um dos entraves, segundo ele, é que o povo evangélico ainda é minoria entre a população.