Operações da PF marcam a semana em MT

A semana que passou foi marcada por duas grandes operações policiais que chamaram a atenção da população de Mato Grosso. A primeira foi desencadeada na terça-feira (18/05), a operação Asafe, com a prisão de advogados e a convocação de diversos juízes e desembargadores para prestar esclarecimento acerca de um suposto esquema de venda de sentenças e exploração de prestígio no Tribunal Regional Eleitoral e no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Nesta sexta-feira (21/05), a operação teve como alvo crimes ambientais, sendo chamada de operação Jurupari. O foco foi reprimir a extração, transporte e comercialização ilegal de produtos florestais na Amazônia mato-grossense. Ambas operações foram realizadas pela Polícia Federal.
No caso da operação Asafe, foram presos a esposa do desembargador aposentado José Tadeu Cury, advogada Célia Cury, servidores do gabinete do ex-magistrado e um genro dele, Cláudio Emanuel Camargo, além de outras pessoas. As investigações vinham sendo feitas há três anos. Na operação, também foram realizadas ações de busca e apreensão nas residências do desembargador e presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Evandro Stábile, dos desembargadores aposentados Donato Fortunado Ojeda e José Tadeu Cury, do desembargador José Luiz Carvalho, além do juiz Círio Miotto  e do juiz-membro do TRE, Eduardo Jacob. Conforme as acusações, as investigações sinalizam que advogados teriam principalmente usado o nome de juízes do pleno do TRE e do TJ para obter vantagens pessoais.
Durante a operação de busca e apreensão na residência, o desembargador aposentado Donato Fortunado Ojeda, conforme informações da imprensa da Capital, passou mal e foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Jardim Cuiabá. Com 70 anos de idade, ele possui uma ponte de safena e uma válvula artificial no coração. Na quarta-feira (19/05), o advogado Fernando Ojeda, filho do desembargador aposentado, acabou prestando depoimento à polícia sobre o caso. No mesmo dia, na quarta-feira, Ojeda deixou o Hospital Jardim Cuiabá, onde foi internado no dia anterior devido ao mal-estar. Outras pessoas também foram ouvidas pela Polícia Federal ao longo da semana referente ao caso.
Na operação Jurupari, nesta sexta-feira, foram presas mais de 60 pessoas, entre elas Janete Riva, mulher do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Groso, José Riva; o ex-secretário de Estado de Meio Ambiente, Luiz Henrique Daldegan; Ubiratan Spinelli, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE); o filho dele, Rodrigo Spinelli; Afrânio Migliari, ex-secretário adjunto da Sema; Sílvio Corrêa, chefe de gabinete do governador Silval Barbosa; Antônio Carlos Azóia, genro do deputado Riva; Cristiano Volpato, sobrinho do Riva; Paulo Rogério Riva, irmão do deputado Riva; e Luciana Esteves, coordenadora de geoprocessamento da Sema, além de outros. A Polícia Federal informou que o valor mínimo dos danos ambientais causados pelos investigados, nos últimos anos, somado, beira os R$ 900 milhões.
Foram dois anos de investigação sobre esse caso da operação Jurupari. Entre os crimes ambientais, segundo a polícia, estão fraudes na concessão de licenciamentos e autorização de desmatamentos; disponibilidade de créditos florestais fictícios, permitindo o desmatamento e retirada ilegal de madeira de áreas não documentadas, especialmente de terras públicas e áreas protegidas; e transporte, processamento e comercialização dos produtos florestais pelas serrarias e madeireiras, as quais recebiam o produto “esquentado” com documentação fraudulenta.