A cadeira elétrica completa 125 anos nesta quinta-feira (06), dia em que foi usada pela primeira vez para executar um condenado a pena capital em um presídio de Nova York. Nos Estados Unidos ela é chamada, confidencialmente, de “old sparky” e foi o método de execução favorito até os anos 1980. No dia 6 de agosto de 1890, na prisão de Auburn, no estado nova-iorquino, William Kemmler foi amarrado à cadeira, coberto de eletrodos ligados a um gerador e morto. Condenado pelo homicídio de sua namorada, Matilda Ziegler, Kemmler demorou oito minutos para morrer – depois de uma queda na tensão e de um pedido médico para que o carrasco “agisse rápido” para reativar as descargas elétricas.
A autópsia do cadáver revelou, mais tarde, que os eletrodos sobre as costas tinham queimado até a coluna vertebral. Na hora da morte, foi até possível ver fumaça saindo de seu corpo.
Porém, mesmo com o sofrimento do condenado, o homem que sugeriu a utilização do método para a pena de morte, o dentista Albert Southwick, exaltou a nova forma de execução. “Vivemos uma nova civilização, mais evoluída a partir de agora”, destacou o dentista ao se referir ao antigo método, o enforcamento.
Um dos cientistas de energia elétrica, George Westingwhouse, observou a situação friamente e afirmou que “um trabalho melhor teria sido feito por um machado”. Já um jornalista que viu a ação destacou que “foi um espetáculo horripilante, muito pior que um enforcamento”.
A utilização das cadeiras elétricas foi possível graças ao descobrimento da eletricidade por Thomas Edison. Todavia, quem levou adiante o primeiro projeto a pedido do estado de Nova York foram os sócios Harold Brown e Arthur Kennelly. A primeira cadeira, essa que foi usada em Auburn, foi desenhada, finalizada e patenteada pelos eletricistas do próprio presídio, Edwin Davis e Harry Tyler.
Desde 1976, quando a Suprema Corte dos Estados Unidos voltou a aprovar as execuções, calcula-se que 158 delas foram realizadas com a “old sparky” – sendo um quinto das mortes na Virgínia. O último condenado à pena, que foi “justiçado” com esse instrumento, foi Robert Glason, que em 2013 escolheu esse método para morrer.
Até o momento, a opção de usá-la como alternativa para a injeção letal existe nos estados do Alabama, Flórida, Carolina do Sul, Virgínia e Kentucky. Em Oklahoma e Arkansas, ela também é uma segunda opção, mas só em situações particulares.
Contudo, a carência dos medicamentos utilizados nas injeções, sobretudo pela negativa das empresas farmacêuticas europeias de fornecê-los para esses fins aos norte-americanos, reabriu o debate sobre a volta do uso macabro da “old sparky”.