WASHINGTON – O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, disse nesta quarta-feira em Washington que a incorporação da península da Crimeia por parte da Rússia constitui a ameaça mais grave para a estabilidade da Europa desde a Guerra Fria. Rasmussen também declarou que teme uma incursão russa no Leste da Ucrânia.
– Vivemos outras crises na Europa nos últimos anos: os Bálcãs nos anos 90, a Geórgia em 2008. Mas esta é a ameaça mais grave à segurança e à estabilidade da Europa desde o fim da Guerra Fria -afirmou Rasmussen ao discursar na Brookings Institution. – Qualquer tentativa de justificar a anexação da Crimeia através de um chamado referendo realizado sob a mira de armas é ilegal e ilegítimo.
O secretário-geral também lembrou que toda a cooperação da Otan com a Rússia foi suspensa, já que não está claro se Moscou é um parceiro ou um “adversário”. Rasmussen não levantou a hipótese de uma ação militar, e reconheceu que o Ocidente não tem alternativa fácil.
– Não existe uma saída rápida e fácil para reagir contra agressores globais – protestou. – Isso acontece porque, numa democracia, nós debatemos, deliberamos e consideramos as opções antes de tomar decisões. Porque nós valorizamos a transparência e procuramos legitimidade em nossas escolhas. (…) E porque nós vemos o uso da força como último recurso, e não o primeiro.
Mais cedo, num discurso na Universidade de Georgetown, também em Washington, Rasmussen afirmou que a Rússia “rasgou as regras internacionais” e tenta “redesenhar o mapa da Europa”.
– Este tipo de comportamento vai contra as normas internacionais, e simplesmente não tem lugar no século XXI – disse.
Como resposta às pressões russas no Leste Europeu, os EUA aumentaram o número de aviões nas patrulhas regulares da Otan nos países bálticos, assim como um exercício militar programado com a força aérea da Polônia. Na terça-feira, o vice-presidente americano, Joe Biden, disse que o país pode fazer mais exercícios militares para ajudar os países do Mar Báltico – Lituânia, Letônia e Estônia, ex-repúblicas soviéticas como a Ucrânia – a aumentar sua capacidade militar depois da anexação da Crimeia pela Rússia.