Quem não deve está pagando a conta

A pauta de reivindicações dos movimentos, que ameaçam interditar novamente a rodovia BR-364, entre Rondonópolis e Pedra Preta, nesta segunda-feira (11), é baseada em solicitações não atendidas durante os protestos em junho, quando diversos trechos de rodovias foram bloqueados nos dias 20, 21 e 22. Exemplos, o retorno do Ministério do Desenvolvimento Agrário, extinto pelo presidente interino Michel Temer, manutenção de programas sociais como o “Luz Para Todos” e Programa Nacional de Habitação Rural, manutenção de políticas previdenciárias dos trabalhadores rurais e audiência com o governador de Mato Grosso, Pedro Taques.
Os protestos são contra o governo Federal, o Estadual, os órgãos que tratam as questões agrárias… Mas, afetam justamente quem não tem a menor condição de promover a reforma agrária, que são as pessoas que estão trabalhando, que precisam transitar pelas rodovias, no caso específico de Mato Grosso, os que transportam cargas para sobreviver. Na grande maioria, trabalhadores que assim como os que sonham viver da terra e cultivar, também precisam pagar suas contas. O protesto acaba gerando revolta e colocando a população contra os movimentos sociais, o que não é bom pra ninguém.
Os bloqueios de rodovias provocam um ódio que poderia ser evitado. Será que em tantos anos de um movimento tão forte, como o MST, por exemplo, provavelmente o maior movimento social do País, não foi possível identificar formas mais eficazes de protesto? Formas que não acabem atingindo a classe trabalhadora também?
O protesto contra o Incra, poderia acontecer no Incra por exemplo. Contra o presidente interino, em Brasília, contra o governador Pedro Taques, no Paiaguás. Se esta forma de protesto fosse eficaz, as reivindicações estariam sendo atendidas, mas pelo que se vê, são as mesmas reivindicações de anos anteriores, o que mostra que o bloqueio de rodovia não surte efeito.
Seria importante que os movimentos buscassem outras formas de protestar, porque o protesto deve acontecer, é direito de todos, o que não pode é afetar quem também está sendo atropelado diariamente pelos nossos governantes.