Ausência no calendário

Uma cidade centenária, mas apenas no papel. Fundação e emancipação têm significados distintos, mas ambos podem ser celebrados. O centenário de Rondonópolis não foi sequer lembrado, como que aqueles que participaram do processo de fundação do lugarejo não tivessem a sua contribuição ao crescimento do município reconhecida.
Rondonópolis completou ontem (10), 100 anos de fundação. A data foi fixada a partir do Decreto Lei nº 395, assinado pelo presidente de Estado do Mato Grosso Joaquim da Costa Marques, em 10 de agosto de 1915. O Cais e o Casario, que ficam localizados às margens do rio Vermelho, tem a primeira construção datada em 1930, isso quer dizer 23 anos anteriores à Emancipação Política Administrativa da cidade, que aconteceu em 1953.
Mas será que o aniversário da cidade é mesmo o início da sua história? Verdade seja dita, Rondonópolis começou a se desenvolver e ser povoada muitos anos antes de sua emancipação. E por que então não ter a sua data de fundação comemorada ou pelo menos dentro do calendário oficial?
Muita gente frequenta pontos turísticos sem saber a sua importância histórica, as crianças são levadas pelas escolas para conhecer o Cais e o Casario sem saber como o município surgiu. Os jovens de hoje crescem sem qualquer conhecimento do passado, sem saber que entre a fundação e a emancipação em 1953, muita coisa aconteceu.
Se as festas são reservadas, assim como em boa parte do país, para o aniversário de emancipação, custa ao menos lembrar o aniversário de fundação? Ainda mais quando esse aniversário é de 100 anos? Não se fala aqui em criar mais um feriado, mas sim, encontrar uma maneira da data ser lembrada e isso cabe ao poder público. Um centenário deve sempre ser comemorado. O fato é que houve desinteresse por parte de autoridades em relação à história do município.
É importante lembrar todos aqueles que deram início à construção de nossa cidade, que hoje figura entre as mais importantes do país. Lembrar-se daqueles que acreditaram que aqui teriam uma mudança de vida, de condição familiar e de construir histórias de sucesso. Não lembrar de nossa fundação é fingir que a nossa história não existe.