A hora e a vez delas

Há quem diga que, devido a fatores históricos e por ter passado por ditaduras militares e até por monarquias, o Brasil tem tudo para se tornar o maior exemplo de democracia da face da Terra. O país hoje conta com o melhor sistema eleitoral do planeta, basta comparar a forma pela qual as nossas eleições são feitas com os Estados Unidos, por exemplo.
O nosso sistema beira à perfeição, não se houve dizer em fraudes em eleição ou algo parecido. Porém, é fato que o sistema eleitoral do país passou por mudanças profundas para chegar ao ponto que está hoje. Vale destacar, por exemplo, que antes havia restrições ao voto. Havia direito ao voto apenas a um grupo de homens, brancos e latifundiários. As mulheres somente tiveram o direito irrestrito de voto em novembro de 1930, há exatos 79 anos. Hoje, as mulheres representam 51% do eleitorado nacional e têm peso na hora de decidir uma disputa eleitoral.
Vale lembrar que apesar de ser maioria em termos de eleitorado, elas ainda são minoria em disputa de cargos. A cidade de Rondonópolis conta apenas uma vereadora, uma deputada estadual e a vice-prefeita.
No entanto, está claro que as mulheres têm força para conquistar mais. O que está faltando são os próprios partidos e grupos políticos pensar mais nas mulheres, dar mais oportunidades para que elas disputem as eleições em grau de igualdade com os homens. Hoje, as estruturas partidárias são voltadas para os homens, apesar de ter uma regra, onde 30% das vagas são destinadas às mulheres nas eleições. Vemos, com raras exceções, partidos investirem de forma séria nas alas femininas, prova disso é que em grande parte dos partidos onde há espaço para as mulheres, os cargos são ocupados, na maioria das vezes, por esposas de políticos com mandato e não por novas lideranças.
O problema mais claro é que na hora de dar estrutura para uma campanha eleitoral, por exemplo, o homem ainda leva vantagem na disputa. Os candidatos do sexo masculino muitas vezes recebem mais recursos e mais apoio.