Acontece no próximo domingo (16) a 3ª Romaria do Cerrado, evento organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e entidades parceiras com o objetivo de debater a importância da preservação do Cerrado. Este ano a Romaria acontecerá no Assentamento Olga Benário e Comunidade Bananal, na zona rural de Rondonópolis.
De acordo com Baltazar Ferreira de Melo, membro da CPT e um dos organizadores do evento, a programação começa por volta 7h30 com uma celebração religiosa ecumênica e uma peregrinação pelas nascentes em recuperação da região. “Como a CPT é uma entidade vinculada à Igreja Católica, temos esse momento mais voltado para a espiritualidade, mas o momento é ecumênico e cada um vai poder expressar a sua fé da sua maneira. Nós também vamos ter um café da manhã compartilhado, onde cada um dos participantes vai levar algum alimento, para continuarmos nossa romaria pelas nascentes em recuperação na região. No período da tarde, vamos ter uma reunião do Fórum de Lutas Contra os Impactos dos Agrotóxicos, para conhecermos melhor os malefícios e as doenças causadas por esses venenos na nossa comida e na nossa água”, informou.
As nascentes que estão sendo recuperadas, 58 ao todo, são o resultado de um trabalho pela CPT nos últimos anos com o apoio de entidades ambientais e dos próprios moradores da região. Todo o trabalho é feito de forma voluntária, em regime de mutirão.
Para a irmã catequista franciscana Neusa Grita, o evento tem um cunho de alerta e defesa da natureza, mas também tem o lado religioso, que, no seu entender, se completam. “A Terra, que a gente habita, faz parte da nossa vida. Nós fazemos parte dela e se a Terra morre, nós também vamos morrer. A Terra, a água, os elementos da natureza e o ser humano estão interligados e não tem como fugir disso. A Terra depende dos nossos cuidados e nós dependemos da Terra para sobrevivermos. Por isso fazemos essa romaria, para sensibilizar não só o cristão, mas todos. Nós já estamos começando a ver as consequências dessa destruição das nossas matas com esse calor intenso, porque não há mais cobertura vegetal na Terra. Para o Cerrado sobreviver é preciso que não se despeje tanto agrotóxico, que não se destrua tanto a natureza”, contou a religiosa.
No período da tarde, a partir das 13h30, acontecerá a reunião do Fórum de Lutas Contra os Impactos dos Agrotóxicos, que terá o tema “Contaminação das Águas”, e contará com a presença do promotor do Meio Ambiente Ari Madeira e da procuradora do Trabalho Vanessa Martini. “A importância desse encontro ser lá (na zona rural) é que as principais nascentes do Ribeirão Arareau ficam ali na região do Bananal. Para nós, é uma vitória muito grande conseguir levar o promotor ambiental lá para ele ver o que já foi feito de recuperação das nascentes e para mostrar para os moradores da região dados de pesquisas recentes sobre os malefícios do uso descontrolado do agrotóxico”, disse o ambientalista Almir Araújo, da ONG Arareau.
As pessoas interessadas em acompanhar a 3ª Romaria do Cerrado deverão estar até as 6 horas do domingo em frente à Igreja São José Operário, de onde o grupo partirá em comboio até o local do evento, que está localizado a cerca de 60 quilômetros da cidade. Além de moradores da região do Bananal e adjacências, também são esperadas caravanas da Baixada Cuiabana e de várias outras regiões do estado.
