Estudante de escola pública se destaca escrevendo poesias

A estudante Rayne Emille Ramos de Souza, de 17 anos, natural de Uruaçu (GO) e moradora em Rondonópolis há cerca de dez anos, é uma grata revelação do mundo literário local. Revelada para o público por meio das páginas do A TRIBUNA, que publicou alguns de seus poemas na coluna Cantinho do Poeta, ela é dona de uma boa técnica poética e de uma maturidade precoce, escrevendo sobre temas afeitos às pessoas da sua idade, mas também sobre assuntos que vão para muito além do universo juvenil, como política e outros temas igualmente complexos com a mesma desenvoltura com que fala do amor, da natureza e do seu dia a dia.

Segundo a jovem poetisa, o desejo de escrever começou por volta dos 14 anos, mas ela não tinha noção da força de suas poesias e elas ficaram por um bom tempo esquecidas em um caderno. Inicialmente, elas eram pouco mais que anotações, que foram aperfeiçoados até que tomaram forma de poesia. “Foi só no ano passado que mostrei um poema para a professora Élida Falcão, do EEMOP, e ela gostou demais e me falou: ‘menina, porque você está escondendo isso e não publicou ainda?’. Foi essa fala dela que me incentivou a criar ainda mais poemas, mas não sabia como que eu ia publicar isso. Pensei primeiro nas redes sociais, mas quando comentei com meu professor já este ano, e ele me disse que tinha contatos no A TRIBUNA e isso me possibilitou publicar minhas primeiras poesias no jornal”, contou a adolescente poetisa.

O professor no caso é o também poeta, escritor e membro da Academia Rondonopolitana de Letras (ARL), Jakson Aguirre, que por um período lecionou para alunos do ensino médio na Escola Dom Wunibaldo, onde conheceu a jovem poetisa e se encantou pela sua arte, ajudando-a a dar os primeiros passos no sentido de tornar públicas as suas poesias.

Ela conta que o dom de escrever poesias foi desenvolvido principalmente por conta da influência de sua mãe, que a fez desenvolver o hábito da leitura desde muito cedo. “Eu lia muitos livros desde pequena e eu sempre gostei de escrever. Sempre gostei de copiar coisas no quadro, na escola. Então, esse gostar de escrever começou a me perturbar, por assim dizer, e como eu sempre gostei dessas coisas que tem a ver com os sentimentos, eu comecei a me expressar, aos meus sentimentos. Pode ver que os temas dos meus poemas não são escolhidos à toa, todos expressam algo que vem de mim mesmo, alguma emoção minha. Sinto que era uma coisa que já existia em mim e que eu só coloquei para fora”, declarou a jovem.

Assim que teve seus primeiros poemas publicados, ela se tornou minimamente conhecida e já faz planos para se aprimorar e prosseguir com a sua arte. “Desde o ano passado que eu já me preparo para fazer a faculdade de Letras e tenho planos de publicar meu primeiro livro ainda no decorrer do curso. Meu sonho é ser escritora e ter o meu trabalho reconhecido, chegar a muitas pessoas e ajudá-las a se expressarem, assim como eu consegui me revelar e me expressar”, definiu Rayne Emille.

No seu entendimento, a poesia é algo muito importante na sua vida e das demais pessoas, pois ela considera essa uma forma de se libertar de fantasmas interiores. “Existem pessoas que prendem muito os seus sentimentos, não conseguem se expressar, mostrar quem é de verdade, na questão do amor, da justiça, do que você pensa, a sua opinião. E eu acho isso ruim. Mas a partir da poesia, as pessoas podem fazer isso. Minha arte serve para isso: para mostrar para as pessoas que elas podem se expressar através da poesia”, disse.

Sobre os jovens da sua mesma faixa etária, mais afeitos à tecnologia e naturalmente avessos às coisas tidas como antiquadas como a poesia, que não é nada tecnológica, ela diz que a maioria destes elogiam e reconhecem a qualidade do seu trabalho. “Eu tenho amigos que gostam muito, que falam que as coisas que eu escrevo acabam tocando-lhes e eles descobrem coisas novas com isso. Me elogiam muito pela forma como eu coloco as palavras, que para eles é algo diferente, porque as pessoas hoje em dia consideram poesia uma coisa chata, uma coisa bem antiga. Mas é isso que eu pretendo mostrar para eles: que é possível trazer os temas atuais para a poesia”, emendou.

Já sobre a maneira como as pessoas entendem suas poesias, ela conta orgulhosa que todas dizem ter gostado muito do que leram e os elogios recebidos a estimulam a continuar escrevendo e desenvolvendo a sua técnica. “Eu, para dizer bem a verdade, nunca ouvi de alguém que não tenha gostado das minhas poesias. Sempre me elogiam e me dizem para continuar, que o que eu faço é muito bom. Esse é um dos motivos que me estimulam a estudar e me tornar melhor ainda no que faço”, concluiu.