Torço pra que esses “turistas” de fim de semana não visitem o pantanal aqui na região do Correntes. Igualmente torço para que o peixe dê o “balão” nesses pseudos pescadores que vêm para o rio no intuito único de levar até um pedaço do rio dentro do carro se for possível. Esse chamado “balão” é quando os peixes desaparecem (se escondem) até essas pessoas irem embora e o movimento do rio se acalmar. Porque eles pegam peixes de todas as medidas, e nos domingos antes do almoço partem para suas cidades levando sacos de peixes fora da cota (3 kg e um exemplar) e da medida.
Moro dia e noite no pantanal há mais de dois anos. Sou presidente de uma Associação de Ribeirinhos, mas estou decepcionado com esse povo que em sua maioria não tem consciência ecológica. Descem a serra jogando latinhas vazias e todas as outras sujeiras na estrada. Se esquecem que essa porcariada com a chuva caem nos córregos e as águas dos mesmos levam essa podridão para o berçário do pantanal.
Povo sem noção. Aqui nesta nossa planície pantaneira quanto mais ruim estiver a estrada de acesso, melhor porque não vem essas tranqueiras para cá. Os turistas bacanas têm seus carrões e são conscientes.
Alguns desses cabras (e olhe que até tem ranchos aqui), ficam durante o dia e a noite enchendo o caco de cachaça e jogando baralho, e em vez de pescarem com as tralhas adequadas, não, preferem nas caladas da tardezinha, da noite, armarem seus espinhéis e anzóis de galhos. Sabem que as polícias ambientais dos estados de MT e MS não fiscalizam nosso rio Correntes por falta de efetivo, daí eles nadam de braçadas.
Mas, por enquanto, a salvação está sendo a malandragem dos peixes, que quando percebem a movimentação muito grande se escondem, dando um trabalho danado nesses predadores.
Mas a melhor balão mesmo seria uma fiscalização da Sema, PMA e Sema Municipal de Itiquira, fazendo aos domingos abordagens nos veículos que sobem a serra para atingirem o planalto onde existem as plantações agrícolas. Ah, aqueles peixes que sobem a estrada da serra de carro, certamente seriam barrados em seu percurso.
Daí um dia desses, um dos meus peixes falou:
– Dotô, manda esses carapuçadus vim ni nóis!
(*) Saulo Moraes é morador no pantanal sul mato-grossense, e não foi vacinado