Existem milhares de pessoas preocupadas com a qualidade do ensino e como a transformação social da sociedade deve passar por ela. Podemos observar que existem pessoas preocupadas com os rumos da educação brasileira e do Brasil em relação ao mundo, como também, do meio ambiente que quase ninguém preserva em função do consumismo desenfreado.
Indiscutivelmente, uma das formas que se tem de trabalhar a consciência da juventude sobre o seu papel na própria sociedade, passa pela questão interdisciplinar. Essa interdisciplinaridade pode ser muito bem trabalhada por meio de músicas e poesias que possuem conteúdo crítico e social. Vejamos o que Francisca dos Santos Gonçalves tem a nos dizer:
Do ponto de vista epistemológico, a interdisciplinaridade consiste no método de pesquisa e de ensino voltado para a interação de duas ou mais disciplinas. Seu processo pode ir além da simples comunicação de ideias até a integração recíproca de finalidades, objetivos, conceitos, conteúdos, terminologia, metodologia, procedimentos, dados e formas de organização e sistematização do conhecimento.
Ela continua nos firmando que:
Nesse sentido, Hilton Japiassu, no Dicionário Básico de Filosofia, assinala que a interdisciplinaridade difere radicalmente da multi ou pluridisciplinaridade, que consiste na justaposição de disciplinas numa atuação conjunta, sem a definição de objetivos a serem alcançados, sem clareza dos princípios, dos conceitos, dos elos que estabelecem relação entre elas, sem uma coordenação situada no plano teórico-metodológico. Francisca nos alerta sobre a necessidade de se levar em consideração a dimensão da totalidade e a interdisciplinaridade da realidade em si.
Pensada em sua dimensão de totalidade, a realidade tem um caráter transdisciplinar. Para compreendê-la, é fundamental o raciocínio dialético orientado no sentido de apreender seu movimento e seu potencial, analisar os fenômenos numa dimensão de totalidade, captar suas múltiplas determinações e a lei que rege sua transformação.
Nessa perspectiva o conhecimento volta-se para as necessidades reais do ser humano, alcança sua finalidade, retoma sua função social, à medida que vai reunindo elementos para a análise da realidade, dos problemas, das contradições e possibilidades de superá-los.
Para se alcançar esses fins tornam-se necessárias as contribuições de diversas disciplinas, tendo como preocupação à formação de ser sujeito, o desenvolvimento da consciência crítica, a elaboração do saber que privilegie conteúdos abertos a possibilidades novas. Nessa direção, o processo ensino-aprendizagem evolui e atinge sucessivos momentos de síntese.
Aqui vale a pena frisar novamente sobre a importância de se explorar a interdisciplinaridade que a poesia já traz intrínseca em si mesma. O professor precisa e deve saber explorar a riqueza interdisciplinar que uma poesia possui. É claro, a poesia precisa ter mensagem. Ela precisa estar inserida no contexto histórico, político, social, cultural, filosófico, sociológico, etc. em discussão.
A mesma não pode ser utilizada apenas para satisfazer o ego do professor. Ao contrário, a poesia dever utilizada pela sua qualidade contextual, por sua qualidade interdisciplinar, por sua qualidade totalizante, enfim, ela deve, antes de qualquer coisa, educativa e cheia de possibilidades interpretativas. Se ela não der essas possibilidades interpretativas, de nada adianta trabalhá-la dentro da interdisciplinaridade poética.
Ainda em tempo, quero registrar que o livro ultrapassa as barreiras da geografia e da poesia. Acredito que seja um livro interdisciplinar, pelo menos na área das ciências humanas e sociais.
(*) Aires José Pereira é graduado e especialista em Geografia pela UFMT, mestre em Planejamento Urbano pela FAU-UnB, Dr. em Geografia pela UFU. É escritor com vários livros e artigos publicados. É professor Associado I no curso de Geografia na UFR e no Mestrado em Gestão e Tecnologia Ambiental.
