Na carruagem do tempo todos viajam.
A passagem é pela classe, a classe é pela sorte.
Ao contrário do capitalismo, quem tem mais paga menos.
Todos viajam, todos pagam,
Não tem carona, não tem penetra.
Não tem penetra? E o corrupto? E o político ladrão,
O que engana, os que mentem?
Na carruagem do tempo todos viajam.
Quem é o piloto? O maquinista?
O motorista? Ou o cocheiro?
É uma carruagem? Uma nave?
Um automóvel? Ou um coche?
É uma carruagem, é uma nave, um automóvel, um coche.
O seu piloto, ou quem dirige é quem divide o nosso pão.
O andarilho, o delinqüente, é o que sente,
É o que sofre, é o que paga.
A diarista, a lavadeira, o sem-teto ou o lavrador.
Mão calejada, de quem trabalha,
Que paga a conta com o seu pão.
Dona de casa, ou prostituta,
Mulher de luta, mulher de dor.
Homem da roça, homem de rua,
Mixe da esquina e o ladrão.
Vão pela vida, nessa carruagem,
Pagam a conta com o seu pão.
Os poderosos, os que têm muito,
Os governantes e os banqueiros.
Latifundiários, industriais,
Os políticos, e os doleiros,
Esses não pagam, esses não podem,
Esses não devem, são quem dirigem.
Esses não podem ser molestados,
Eles são nobres, esses que vivem.
Um dia muda, um dia vira,
Um dia o povo há de acordar.
Um povo ordeiro, um povo honesto,
Um dia unido, há de mudar.
Mudar a história vai ser uma glória,
Ver os corruptos na cadeia.
Mudar a história, ter na memória,
Ver esse lixo de cara feia.
O mau político, o empresário,
Que da avareza faz um ideal.
Rouba o faminto, o homem honesto,
E acha que isso é natural.
Um dia chega a nossa vez,
E de pôr um fim na corrupção.
O homem honrado, que paga a conta,
Vai ver seu filho fartar-se de pão.
(*) Jakson Aguirre é poeta, escritor e membro da Academia Rondonopolitana de Letras