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Adolescência

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Wilse Arena - 23-09-13

Quando começa a adolescência mesmo? No meu tempo, diziam que era por volta dos 13 ou 14 anos. Eu sei que com 12 anos eu ainda brincava de boneca e gostava muito de assistir filmes do Zorro aos domingos no “matinê” (sessão da tarde)!
Mas hoje as coisas mudaram. Tudo parece começar mais cedo! Meninas de 12 anos já têm seios quase formados, namoram, sabem praticamente tudo sobre sexo, quando já não o praticam a partir de informações/orientações advindas das mais variadas fontes, sobretudo, da internet. Mas o problema não está na informação ou no conhecimento que têm e, sim, como processam esse conhecimento e como lidam com ele no seu dia a dia, ou seja, na relação que estabelecem com seu grupo de amigos e amigas.
O que me incomoda é: até que ponto estas crianças/adolescentes estão preparadas para construir uma opinião própria sobre a realidade circundante? Como construir uma identidade própria em meio a tantas influências (boas e más) que as cercam, quando os pais, de tão ocupados, mal têm tempo de se sentarem para conversar com elas (ou não sabem como fazê-lo neste quesito)? E na escola? Os professores, até que têm se esforçado, mas também não estão preparados para uma tarefa desta natureza e quando o fazem limitam-se a explicações sobre a anatomia humana e aos impactos da gravidez na adolescência.
Consequência: se para os adultos já é difícil viver em um mundo em que as mudanças ocorrem em uma velocidade alucinante, com quais elementos culturais, morais e éticos contam os adolescentes para enfrentá-las, juntamente com as que ocorrem em seu próprio corpo e que causam angústia e insegurança principalmente quando não se “encaixam” no perfil considerado normal pela maioria: são magros demais; gordos demais; altos demais; baixos demais; gostam de pessoas do mesmo sexo; são negros; têm sardas, síndrome de Down ou lhes faltam um dos membros, entre outras características especiais?
E o que dizer de experiências particulares (íntimas) que muitos viveram na infância quando, curiosos, “tateavam” aqui e ali em busca de autoconhecimento, cuja lembrança volta à mente na adolescência em forma de culpa? Em alguns casos, um sentimento de culpa tão grande que impede o jovem adolescente de curtir sua vida e crescer de forma saudável e feliz?
Meu Deus, alguém precisa dizer aos adolescentes que este negócio de culpa é uma grande bobagem! Que passar por momentos críticos ou, às vezes, sentir-se meio deslocado, ter vontade de “sumir”, de mudar de cidade, de país, é normal em qualquer idade, mas, na adolescência, tudo assume uma proporção muito maior, porque faz parte desta fase do desenvolvimento humano fazer planos mirabolantes para o futuro, sonhar e, sobretudo, acreditar nos seus sonhos e lutar para que se tornem realidade. Claro que tudo isso causa ansiedade, estresse, frustrações que, por sua vez, podem até levar à sensação de abandono, à depressão e ao isolamento.
O precisam saber é que tudo isso passa, afinal, os adultos de hoje, são as crianças e os adolescentes de ontem e também passaram por experiências semelhantes antes de definirem exatamente qual sua orientação sexual, suas inclinações profissionais, bem como os saberes e atitudes necessários para darem um rumo decisivo às suas vidas.
Adolescentes! Pensem nisso e curtam a melhor fase de suas vidas a seu modo e sem culpa, pois não terão outra oportunidade de fazê-lo.
Considerem que vocês contam com uma liberdade e uma série de oportunidades e de recursos tecnológicos que outras gerações não chegaram sequer a pensar, além de direitos garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), mas também têm deveres a cumprir como todo e qualquer cidadão, e mais, que cabe a vocês, juntamente com sindicatos, ONGs e outros movimentos sociais, exatamente por uma característica que é lhes é peculiar, a irreverência, denunciar injustiças, reivindicar inovações, lutar pela democracia e por muitas outras causas sociais. Mas sem extrapolar os limites da moral, do legal e da ética, isto é, do respeito ao próximo, uma vez que ainda têm uma vida inteira por viver e um futuro a construir, o que demanda autocontrole e não uma mente ou uma vida controlada por algo ou por alguém!
Como vêm, vocês têm um papel importante na sociedade: impedir o comodismo e o conservadorismo. Então, sejam vocês mesmos, mas com responsabilidade. Ah! E não deixem de estudar.
Garanto que é possível fazer tudo isso e ainda curtir a vida e sua liberdade, ser irreverente, sonhar, amar e ser feliz!

(*) Wilse Arena da Costa – Doutora em Educação: Psicologia da Educação. Escritora, pesquisadora, palestrante e membro da Academia Rondonopolitana de Letras

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