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, 27 maio 2024
 
 

Oncologia em pecados

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Guilherme bezerraOnkos, do grego, massa, nos remete ao peso, sofrimento, castigo, pecado, culpa por termos sido penalizados por algo que não identificamos, e busca do ponto a partir do qual criamos ambiente para tornarmos elegíveis para carregarmos tamanha opressão. Para fins didáticos vou enumerar sete pecados oncológicos essenciais. Primeiro, estarmos vivos. Segundo, respirarmos. Terceiro, envelhecermos. Quarto, evoluirmos. Quinto, sermos complexos. Sexto, exagerarmos. E sétimo, o mais grave, raciocinarmos. Viver é essencial para desenvolver qualquer doença, desde a fase embrionária até o fim, que será estabelecido por uma delas. Adoecer é um fenômeno inerente aos vivos.
Respirar nos traduz saúde. O oxigênio essencial à vida é fonte de combustível na produção de energia, no entanto, é o mais agressivo elemento químico dentro da célula. A oxigenação produz oxidação. Na estrutura celular esse processo é realizado no citoplasma, dentro de uma organela chamada mitocôndria, que ao eliminar os resíduos produtos da queima energética agride o núcleo, onde se encontram as frágeis estruturas responsáveis pelo equilíbrio funcional, DNA, que abrigam os genes. Essa agressão oxidativa é a maior causa de mutações oncológicas.
Ao longo da nossa vida, a agressão oxidativa permanente aumenta o risco dessas mutações. Portanto, quanto mais tempo vivemos mais chance estamos oferecendo para o desenvolvimento de doenças desencadeadas por alterações genéticas. O homem talvez seja o ser vivo que mais rapidamente evoluiu na natureza. Se imaginarmos que há apenas 200 anos a nossa expectativa de vida era em torno de 40 anos e hoje, em países desenvolvidos está na casa dos 80 e as crianças nascidas depois do ano 2000 devem viver mais de 100 anos. Essa magnífica virada veio acompanhada de alterações significativas na relação saúde/doença. Velocidade aumenta chance de erro.
A nossa complexidade biológica também conspira a favor das doenças. Sabemos que a diversidade genética é resultante do meio ambiente onde estamos inseridos. O ser humano está presente em todos os cantos do planeta. Não vemos ursos polares no polo sul, nem pinguins no polo norte. Nem ursos polares cruzam com ursos pardos. Mas, nós criamos uma bela miscigenação depois de termos estabelecidos por mais de 100 mil anos nichos populacionais distantes e com características genéticas que permeiam povos, culturas e civilizações. Seria como se criássemos um prato com bacalhau, frango e carneiro.
A euforia com a qual nós conduzimos a nossa vida, com gorduras, cigarros, bebidas, doces e stress promovem doenças, isso está claro. Mas, mesmo quando queremos ser comedidos, exageramos. Rezar demais, brincar demais, trabalhar demais, ser vegetariano demais, amar demais, tudo isso faz muito mal. E, finalmente, o pior e o melhor produtor de doenças. A nossa capacidade de raciocinar. Porque pensamos, também adoecemos. Temos alma e sob um formato suicida, diariamente criamos elementos que nos insere lentamente em situações de pleno risco. A ambição desenfreada nos leva a esquecermos de valores estruturais da civilização humana, como a família, o respeito, a consideração, a honra, a ética e especialmente prestar atenção ao próximo.
O que há de bom em raciocinar é que, os que utilizam essa habilidade com habilidade ao longo da vida, terminam doentes como todo mundo, mas diferenciados, acompanhados, confortados e acarinhados pelos entes queridos que receberam esses valores daquele que hoje necessita. Observar e acompanhar sua família, sem que isso traduza em viver a vida deles, não causa agressão à sua vida. Pense nisso e prepare-se para ficar doente, porque os pecados são diários e ter uma mão para segurar durante a doença, o tornará diferente. Sem castigo.

(*) GUILHERME BEZERRA DE CASTRO é médico cirurgião, oncologista e mastologista em Cuiabá.

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