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“a verdade é que, a continuar essa política linguística explicitamente equivocada que adotamos na Terra Brasilis, nossa sina é continuar a ter poucas aulas de inglês na grade curricular das escolas públicas e particulares”

Uma das maiores revistas semanais de notícias do Brasil trouxe recentemente na sua capa a chamada para (mais) uma reportagem sobre o inglês: sua presença, importância e dificuldades/sugestões de aprendizagem na vida adulta, a fim de melhorar o desempenho pessoal e profissional no trabalho e passar menos aperto. Não é a primeira vez que tal publicação da Editora Abril faz isso, e certamente não será a última.
Antes de focar especificamente a matéria aqui mencionada, quero lembrar (ou informar) que a edição de 14 de agosto de 1996 da referida revista tratou da (triste) realidade de brasileiros que estudavam o idioma, mas não conseguiam aprendê-lo adequadamente (Do you speak…?); já a edição de 9 de abril de 1997 abordou as palavras inglesas que viraram moda no país, “onde nem o português as pessoas conseguem falar direito” (Yes, nós falamos English); e a edição de 28 de outubro de 1998 ressaltou a febre generalizada de aprender inglês que tomou conta do país na época (A febre de aprender inglês). E mais: a edição 789, de 19 de outubro de 1983, assim como a edição aqui mencionada, trazia a língua inglesa como destaque principal na sua capa…
Para você ter um ideia ainda mais esclarecedora do quanto a língua inglesa já apareceu nessa revista, basta fazer uso da ferramenta de busca da publicação na Internet. São disponibilizados mais de 25 mil resultados para “inglês”! E eu, particularmente, como adoro clippings (‘recortes’, em português) tenho algumas centenas de anúncios, notas em colunas, textos de articulistas, entrevistas, reportagens especiais e até propagandas de escolas de idiomas que já foram publicados na revista semanal de notícias mais lida no país. Acrescentados ao material oriundo de outras publicações, hoje eu tenho de catalogar o material coligido nas últimas três décadas – tempo aproximado que me dedico ao estudo, prática e pesquisa do idioma bretão.
No caso específico da recente edição da revista, a repórter (palavra inglesa!) Dolores Orosco optou por fazer afirmações mais contundentes (e verdadeiras), como: “o ensino de inglês é notoriamente deficiente no Brasil”; “na escola pública, aprende-se pouco ou nada”; e “[o Brasil é um] país desesperadamente carente de pessoas que falem inglês”. A reportagem também toca em pontos cruciais como as dificuldades etárias, históricas e culturais para o aprendizado de inglês no maior país da América do Sul, e o quanto isso tem custado para o nosso desenvolvimento social e econômico quando somos comparados com os demais países do Bric (Rússia, Índia e China), da América Latina (Argentina, México, Costa Rica, Guatemala e El Salvador) e nações respeitáveis no campo educacional como Noruega, Holanda, Dinamarca e Suécia.
A publicação informa ainda que cerca de 10,5 milhões de pessoas falam inglês no Brasil, o que corresponde a pouco mais de 5% da população nacional, segundo levantamento do British Council (Conselho Britânico), órgão tido como responsável pela disseminação da cultura e dos negócios do governo grã-bretão. Pouco me impressionou, por outro lado, a informação de que apenas 20% dos brasileiros que estudam ou estudaram o idioma são fluentes – afinal isso pode ser facilmente aferido nas interações que temos com professores de idiomas das escolas franqueadas que temos no Brasil (não por acaso chamados de lesson plan teachers).
A verdade é que, a continuar essa política linguística explicitamente equivocada que adotamos na Terra Brasilis, nossa sina é continuar a ter poucas aulas de inglês na grade curricular das escolas públicas e particulares, pouquíssimos professores efetivamente fluentes e competentes na arte de repassar a English language e um enorme contingente de jovens e adultos que só aprenderão o idioma devido a muita insistência pessoal, aliada aos recursos da Internet e ao uso cada vez maior dos mass media (rádio, jornal e TV, além de celulares, tablets e quetais), já que a sala de aula se tornou, infelizmente, o lugar onde não se aprende inglês, e muitas outras coisas.
Não era para ser assim, e nem era para o nosso inglês ficar preso, tímido, envergonhado, com medo de se mostrar. Right?

(*) Jerry Mill é mestre em Estudos de Linguagem (UFMT), Presidente da Associação Livre de Cultura Anglo-Americana (ALCAA) e Membro Representativo do Rotary Club Rondonópolis

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