Será que merecemos isso? Um país rico em recursos hídricos como o Brasil, o que falta é planejamento para produção de energia limpa e sustentável, só o governo não vê! Não é mesmo? Embora sem qualquer sustentabilidade econômica, social ou ambiental, a administração pública federal não conseguiu, ao longo desse período, quase um século, resolver a questão justificando apenas o horário de pico como fator.
No entanto, de acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), a previsão é que haja uma redução de 4% a 5% de energia o que representaria aproximadamente dois mil megawatts de energia no país, ou seja, mais ou menos cinquenta milhões de reais de economia no período de outubro de 2011 a fevereiro de 2012.
Penso, sinceramente, que a insignificante fração de energia economizada durante esses 133 dias não justifica, de forma alguma, o transtorno criado na vida das pessoas. Biologicamente falando, sabemos como esse horário altera nosso relógio biológico, ritmo de vida… O país não precisa mais conviver com uma situação vexatória e sem graça como essa! Não é mesmo?
Em 1931, quando o Brasil vivia uma situação inusitada correndo sérios riscos de ficar às escuras por falta de energia elétrica, o então presidente Getúlio Vargas instituiu, por força de lei, o horário de verão. E agora? Passado quase um século de letargia na administração pública federal, ainda, vivemos como nossos pais!
Ao ler interessante artigo do empresário Antônio Hermírio de Moraes, sobre o potencial hidrelétrico do país faz refletir: “Tenho acompanhado o noticiário sobre essa situação e senti falta de análises que destaquem a imensa potencialidade do Brasil na área da hidroeletricidade”.
É verdade, poucas nações no mundo desfrutam de tantas riquezas naturais. 20% da água doce do mundo se encontram no Brasil, é uma quantidade colossal, ademais, a geração de energia por meio de hidroelétricas tem externalidades preciosíssimas. Nos reservatórios, podem-se criar peixes em grande profusão, depois de passada pelas turbinas a água pode ser utilizada para irrigação em grandes áreas de produção agrícola ou pequenas hortas caseiras como queiram. Ao contrário do que se pensa, a biodiversidade do entorno das usinas pode ser melhorada depois de eventuais desequilíbrios momentâneos. O que não se justifica é a generalização de ambientalistas, segundo os quais a exploração de nossos potenciais hídricos é sinônimo de devastação da natureza.
Vale ressaltar que o Brasil tem sólida vocação para produção de energia limpa e extraordinária topografia, os rios brasileiros têm enormes potenciais hídricos, privilégio para poucos, não? Então, por que não utilizá-los racionalmente? Vê-se que Deus foi, é, e será sempre generoso com o país, assim sendo, as autoridades brasileiras precisariam visualizar essa dádiva divina, e construir mais hidrelétricas, especialmente as chamadas (PCHS) que são modernas, não causam grandes impactos ambientais e produzem bons resultados. Se assim pensar e agir, certamente estará evitando esse fiasco, recorrente chamado horário de verão! Não é mesmo?
Como disse no início desse artigo, poucos países têm o privilégio de possuir tantas riquezas naturais. Será que realmente precisamos de horário de verão?
(*) Romildo Gonçalves é biólogo, mestre em Educação e Meio Ambiente, Perito Ambiental em Fogo Florestal , Prof/pesquisador da Ufmt/Seduc – [email protected]
O horário de verão é um atestado da incompetência da gestão pública em planejamento a longo prazo e olha que isso já vêm de muitos carnavais e nós, como sempre, somos os bobos da vez.