Aqui em Mato Grosso, desde o término das eleições pra prefeito, já havia a discussão em torno dos nomes do vice-governador Silval Barbosa e do prefeito de Cuiabá Wilson Santos. De lá pra cá, embora publicamente neguem serem candidatos, as ações, os discursos dizem o contrário, a verdade é que estão em franca campanha.
Entretanto, quando tudo parecia caminhar para uma polarização entre os dois, eis que surge o Movimento Mato Grosso Muito, um agrupamento de partidos com lideranças representativas, como Percival Muniz (idealizador da candidatura Blairo em 2002), Otaviano Piveta (ex-prefeito e atual deputado estadual por Lucas do Rio Verde), o empresário e ex-candidato a prefeito por Cuiabá Mauro Mendes, Valtenir Pereira (deputado federal) dentre outros e apresenta mais uma candidatura, qual seja a do cuiabano/goiano Mauro Mendes.
Essa movimentação foi positiva e sacudiu os alicerces das outras duas candidaturas. O golpe foi sentido e até agora os grupos ainda estão tentando assimilar, pois a candidatura surgiu com respaldo popular. Pelo menos é o que dizem as pesquisas. Até agora, os outros candidatos estão na fase de negação. A tragédia foi tamanha que tentam negar a realidade. Recentemente, o vice-governador disse que não via o Mauro Mendes como adversário, leia-se não quer ver. O deputado Welington também enveredou pelo mesmo caminho e o presidente do PMDB, veloz que é, tentou “dividir a Alemanha” fazendo ilações sobre possível aliança com o PSB, colocando o deputado Valtenir como vice na chapa do Silval. Inteligente, mas o Valtenir só vai nesse canto de sereia se quiser se enterrar.
O que o governador Blairo e os demais protagonistas das candidaturas Wilson e Silval talvez não avaliaram é como se dá a escolha do voto por parte do eleitor.
A escolha do candidato envolve variáveis muito voláteis, por vezes uma franzida de testa do candidato no vídeo ou mesmo o tom de voz pode mudar o voto da pessoa, além disso tem um fator muito interessante nesta escolha que é o aspecto lúdico, a questão da esperança, do sonho, do novo.
É próprio do ser humano, talvez seja por isso que no final do ano as pessoas se comportam de forma diferente, pois a atmosfera de que algo de bom vai ocorrer renova as energias de todos criando uma onda (que o comércio aproveita muito bem).
Na política não é muito diferente. Quando uma candidatura nasce com um alicerce desse, já nasce forte. Um exemplo foi a eleição de Blairo em 2002. Ele era o novo, a esperança.
O Blairo, visando voltar em 2014, optou por Silval, mas este nem de longe representa o novo e pra piorar está sendo chamado no meio político, inclusive do próprio PR e PMDB, pelo apelido de ‘picolé de Xuxu’. Soma-se a isso o desgaste natural destes 8 anos do governo, com destaque para o forte arrocho fiscal nos comerciantes e a fama de ter governado só para um segmento econômico, embora o governador Blairo venha fazendo reuniões com representantes do comércio estas não são capazes de debelar o estrago feito pelo Eder Morais.
Não se pode esquecer que, no momento que o eleitor cair a ficha e ver pra qual partido o governador Blairo está querendo entregar os rumos do Estado, até sua candidatura ao Senado pode vir a sofrer abalos, pois todos esperam um pós-Blairo com o estado avançando e não retrocedendo.
O candidato Wilson, talvez nesse novo cenário, nem dispute a eleição, pois trocaria o certo pelo duvidoso. Ele que pode ser o prefeito da Copa, em se candidatando pode trocar isso por nada, além disso está com um desgaste imenso dadas as dificuldades administrativas que vêm enfrentando, o que com certeza será explorado no período eleitoral. O Wilson, caso se candidate gastará todo o seu tempo se defendendo.
Tal qual o Silval, não traz esperanças, nem para os partidos que eventualmente possam lhe apoiar, pois já tem o seu staff montado e caso eleito pouco mudará.
Não sou analista político, mas pelo cenário que se apresenta, o PSB e os partidos que compõem o Movimento Mato Grosso Muito Mais só não farão Mauro Mendes governador, caso percam o foco e se enrolem em questões menores e nesse momento observo que os adversários miram o deputado Valtenir, sabem que ele está tentando construir sua reeleição e o vêem como “calcanhar de Aquiles” da coligação. Na verdade é o contrário, com a candidatura Mauro a eleição de Valtenir ficará mais fácil.
A candidatura Mauro Mendes oxigenou o cenário político e abriu o jogo. Gostem ou não do Percival, uma coisa é certa, essa tacada dele e de seus parceiros (candidatura do Mauro), vai obrigar muita gente a refazer as contas. Não é a toa que uns lhe chamam de gênio, outros de bruxo das estratégias. Se tivesse que fazer comparação, eu diria que ele está mais para Romário por ser marrento, ter a língua afiada e jogar bem.
(*) José Antonio dos Santos Medeiros é presidente PPS Rondonópolis
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