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, 18 maio 2024
 
 

Gorduras poli-insaturadas – Alimentos e doenças alérgicas

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Homem se cocando1

A prevalência de doenças alérgicas vem aumentando rapidamente nos últimos 20 anos, especialmente entre crianças que vivem em países ocidentais, tornando-se uma questão relevante em saúde pública. Embora sua etiologia não esteja completamente esclarecida, este crescimento parece ser devido a uma combinação da predisposição genética com mudanças em fatores ambientais, incluindo os hábitos alimentares.
A associação entre o consumo alimentar e o desenvolvimento de alergias na infância vem sendo estudada em pesquisas com foco na dieta materna durante a gestação e no consumo alimentar de crianças nos primeiros dois anos de vida. Procura-se identificar padrões de risco e de proteção contra o desenvolvimento futuro de alergias, bem como investigar o efeito de intervenções dietéticas sobre estes desfechos.
Dentre os nutrientes identificados como protetores estão os ácidos graxos poli-insaturados da série ômega-3. Lumia et al. (2011) verificaram que a baixa ingestão materna de ácido alfa-linolênico (ALA), derivado de plantas, como linhaça, soja e canola, presente também em produtos feitos à base de óleos vegetais, assim como o baixo consumo total de ômega-3, estavam associados com maior risco de asma nas crianças aos cinco anos de idade.
O consumo materno de peixes, fontes dos ácidos docosahexaenoico (DHA) e eicosapentaenoico (EPA), também parece exercer efeito protetor contra doenças atópicas na infância, incluindo eczema e asma. Entretanto, a suplementação da dieta durante a gravidez com 900 mg de ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 não foi capaz de reduzir de forma significativa a incidência de doenças alérgicas nas crianças aos três anos de idade, conforme indicou um ensaio clínico aleatorizado realizado na Austrália.
Os mecanismos que envolvem a modulação do sistema imune pelos ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 parecem explicar a redução do risco de alergias, em consequência da alteração do balanço de citocinas próinflamatórias. A incorporação de EPA e DHA nas membranas dos linfócitos afeta a proliferação de células T, inibindo respostas que levam ao aumento da produção da interleucina-3 (IL-3), a qual induz a síntese de imunoglobulina-E (IgE), envolvida nas reações de hipersensibilidade.
Além disso, o ômega 3 compete com o ácido araquidônico como substrato de enzimas da via de produção de citocinas, resultando em menor produção de eicosanoides com atividade inflamatória. Outro efeito, demonstrado em estudos experimentais, é a modificação da expressão gênica. Os ácidos graxos da série ômega-3 inibem a via inflamatória do fator de transcrição nuclear kappa B (NF-kB) e podem influenciar a expressão de moléculas de adesão celular, como a molécula de adesão intercelular-1 (ICAM-1) e E-selectina, diminuindo as interações entre os leucócitos e o endotélio e a migração transendotelial de leucócitos.
Além das evidências positivas relacionadas às alergias respiratórias, estudos recentes investigam também o efeito da suplementação de ômega-3 no tratamento da dermatite atópica. Kaczmarski et al. (2013) revisaram os estudos atuais e observaram que em crianças de até um ano de idade melhoras podem ser encontradas, como diminuição da incidência de lesões e prurido. Todavia, mais pesquisas precisam ser feitas para reforçar este achado.
Em conclusão, estratégias para incremento da dieta materna com ômega-3, assim como seu consumo pelas crianças nos primeiros anos de vida, poderão futuramente constituir intervenções para prevenir a incidência de doenças alérgicas na infância. Novos estudos devem aprofundar o conhecimento sobre os mecanismos envolvidos, além de aumentar a força das evidências permitindo inferir causalidade.

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