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, 19 maio 2024
 
 

Gestação melhora quadro de enxaqueca

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A mulher passa por várias fases em sua vida, sendo a gestação considerada uma parte da fase produtiva da mulher e opcional. A mulher apresenta grande importância na sociedade moderna, e a medicina a coloca hoje num patamar chamado Saúde da Mulher.
Um estudo epidemiológico de tese de Doutorado, realizado na cidade de Catanduva, SP, vinculado à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, SP), mostrou que mulheres que apresentavam cefaleia, principalmente enxaqueca, antes da gravidez, apresentam melhora ou desaparecimento do quadro no decorrer da gestação. Divididas nos trimestres gestacionais, as mulheres apresentaram melhoras crescentes da dor do primeiro ao terceiro trimestre, que culminou com 63% de melhora e/ou desaparecimento da enxaqueca ou dor de cabeça no terceiro trimestre.
A melhora foi mais pronunciada quando se separou o grupo de mulheres que apresentavam enxaqueca menstrual antes de engravidar, com um porcentual de melhora/desaparecimento de 78% no terceiro trimestre de gestação.
Vários estudos na literatura apontam resultados semelhantes e isso acontece em decorrência dos aumentos dos níveis de estrogênios, que ficam elevados e sustentados durante a gravidez, permitindo uma estabilidade dos níveis hormonais dentro de cérebros enxaquecosos.
O cérebro de uma mulher com enxaqueca interpreta a queda de hormônio normal como um gatilho para desencadear enxaqueca e ela é então disparada. Nas gestantes, esses níveis altos de estrógenos (que se elevam 100 vezes mais do que no período não gestacional) fazem com que a mulher se torne livre da dor porque não ocorrem mais quedas nos níveis hormonais.
Mesmo assim algumas mulheres pioram das crises de enxaqueca durante a gravidez e algumas apresentam enxaqueca pela primeira vez durante a gravidez. Com estas mulheres a medicina deve se preocupar, pois elas devem ser tratadas sempre com orientação médica.
Médicos devem introduzir medidas não farmacológicas para o tratamento da enxaqueca na grávida, como repouso, fisioterapia, hidroterapia e acupuntura. E também devem orientar uma dieta adequada com frutas, verduras e legumes, rica nas mais variadas vitaminas. E bastante hidratação.
Em caso de não melhora com essas medidas, e na presença de dores crônicas ou que levem a náuseas e vômitos intensos durante a gestação, médicos devem hidratar as gestantes, inclusive com soro endovenoso e usar medidas medicamentosas que sejam mais seguras para o feto.
A gestante sempre deve consultar um médico e nunca se automedicar. A automedicação é perigosa para qualquer paciente, mas principalmente para as grávidas. O perigo maior de risco teratogênico (risco de anomalias congênitas) para o feto está entre 29 dias a 70 dias a partir do primeiro dia da última menstruação da mulher, resumindo entre o 2º e 3º mês de gestação.
Drogas devem ser evitadas principalmente neste período, mas vômitos também podem ocasionar anomalias fetais e por isso devem ser tratados a qualquer tempo de gestação. Por isso o médico sempre deve pesar o risco e o benefício de drogas, lembrando que enxaqueca crônica, assim com o epilepsia, depressão, diabetes, asma, hipertensão arterial e distúrbios da tireoide são doenças que devem ser tratadas pois o risco fetal com a doença pode ser pior do que usar medicamentos.
Enfim, gestantes são para a medicina a particularidade que mais merece bom senso em todas as questões, principalmente a medicamentosa. Nelas os médicos continuam a exercer a arte da medicina com pouca evidência em plena era em que a medicina baseada em evidência é o caminho da ciência. Porém nas gestante há proibições de se executar estudos com drogas, obviamente pela existência de um outro ser em formação.
Grandes estudiosos (húngaros, centros americanos e alguns europeus) depois de tantas revisões questionam: “Podemos melhorar nossas incertezas sobre o tratamento da enxaqueca na mulher grávida?” E respondem: “Pouco podemos esperar que a situação mude no futuro”.
Por Dra Eliana Meire Melhado, neurologista, membro da Sociedade Brasileira de Cefaléia. Doutora e Mestra em Ciências Médicas (área de neurologia) pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, SP) e Professora da Faculdade de Medicina de Catanduva (SP).

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