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Rondonópolis
, 14 maio 2024
 
 

O país dos exageros

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Eleri _U

O Brasil é um país de superlativos. Pode ser visto em todas as áreas. Do futebol, passando pelo econômico, político e nas manifestações culturais. Temos revelado, talvez como uma indelével expressão cultural, um gosto pelo mau hábito de exagerar nas nossas qualidades e atributos ou enaltecer sobremaneira determinados assuntos como únicos.
A patética eliminação da nossa seleção da copa do mundo de futebol foi apenas mais uma mostra dessa falta de humildade em reconhecer nossas limitações e a superioridade dos outros, principalmente onde antes julgávamos competência. Relegamos ao segundo plano as capacidades reais e estratégias sóbrias que esses momentos requerem.
A título de exemplo, de tempos em tempos elegemos temas privilegiados que não saem da mídia. Os meios de comunicação dão o tom do momento. Ficam presas e se mostram incompetentes para dinamizar temas que possam na mesma medida, serem relevantes. O caso da copa é apenas um desses exageros, como anualmente é o carnaval ou alguma tragédia.
Não sobrevivemos sem um assunto principal. Paramos tudo no país para, neste pouco mais de um mês, erigi-lo como o único tema que merecesse atenção, como se o Brasil inteiro dependesse apenas desse concurso e não tivesse outros assuntos que fizessem jus a espaço.
Aliás, nem foi necessário o encerramento da copa, pois logo após a eliminação do Brasil foi possível perceber que o país voltou ao trabalho. Pena que já estejamos no segundo tempo de 2014 e na sequencia teremos as eleições, e as festividades de final de ano já estarão à nossa porta. Também exageramos nas férias escolares. Não havia motivo para tanta lassidão.
Frequentemente manifestamos o sentimento de auto-ilusão, de quando melhoramos algum indicador ou alcançamos êxito em algo ele precisa ser propagandeado à exaustão. Típico de quem tem pouca coisa para mostrar e quando tem, necessita destaca-lo.
Exageramos quando temos problemas e excedemos quando encontramos soluções. Encontrar esse equilíbrio tem sido uma tarefa que ainda não logramos êxito na maioria dos casos. Enaltecemos casos específicos e isolados em detrimento da coletividade e de aspectos de longo prazo. Como é de se esperar, temos a pretensão de avançar, mas há demasiada pressa.
Não estamos dispostos a pagar o preço da aprendizagem, do planejamento e da dedicação. Ainda estamos afeitos aos improvisos e avessos à meritocracia. Embora lentamente e às duras penas os avanços vêm chegando, o jeitinho ainda está impregnado.
Até as derrotas parecem maiores do que deveriam. Aliás, quando são públicas, não paramos de falar delas. Ao invés de sacudir a poeira e nos dedicar às correções, remoemos com dor as nuances do acontecido.
Quando ocorre uma vitória ou temos a esperança de alcança-la paramos tudo antecipadamente e postergamos para adiante o possível. Os alemães podem servir de exemplo também nesse campo. Foram campeões mundiais no final do domingo (fuso horário mais cinco em relação à Brasília), mas não houve feriado. Todos normalmente de volta ao batente no início da manhã de ontem.
Somos o país dos ídolos e do exagero da personificação. Quando surge alguém um pouco mais competente em algum ofício é alçado à condição de superstar e semideus. Ofuscando e inibindo o trabalho e a competência dos demais.
Como latinos, somos um povo altamente gregário, mas na contramão, temos uma exagerada dificuldade para trabalhar em equipe. Concatenar estratégias coletivas é trabalhoso, muito em função do desapego para com a austeridade e afeitos ao improviso.
É necessário entender que se quisermos figurar entre os países que se destacam, a concorrência será noutro nível. E nesse, não há muito espaço para amadorismos românticos.
Quando a régua da competitividade é elevada, não são lances de sorte que nos salvarão sempre. Poderemos, por obra do acaso obter êxito num ou noutro momento, mas na média continuaremos a ter que espernear ao invés de comemorar.
Até na hora de espernear passamos do ponto. Essa copa foi um campo fértil de aprendizagem. A constrangedora choradeira dos pênaltis já anunciava o que vinha pela frente. O destaque (quase comoção nacional) da lesão de nosso mais importante jogador, chegando ao cúmulo dos companheiros (inclusive o capitão) usarem máscaras do Neymar foi o ápice.
No campo político e econômico também somos um exemplo de manifestações cavalares. De um lado, a situação fazendo firula, pompa e circunstância com avanços, que se bem analisados, são apenas medianos. De outro a oposição, incapaz de reconhecer absolutamente nada do que foi realizado.
Agora, os pessimistas de plantão estão apostando na crise. Creio que deveríamos apostar as fichas mais no trabalho e na dedicação.
Boa semana de Gestão & Negócios.

(*) Eleri Hamer escreve esta coluna às terças-feiras. É professor do IBG, workshopper e palestrante – [email protected]

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