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Rondonópolis
 
 

Artigo: Uma história para não ser esquecida

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(*) Luci Léa

Um certo dia, pensei em escrever uma história, dessas marcadas para não ser esquecida. Nela, o lugar haveria de ser bem conhecido, as personagens reais e verdadeiras, que buscariam os flashes, de suas memórias e imaginário, para discorrer e alinhavar os fatos e temas relevantes ou irrelevantes do cotidiano de suas existências.

Então, arregacei as mangas; busquei e juntei escritos, documentos e depoimentos de moradores sobreviventes de um tempo antigo, de uma época em que o lugar se parecia com um fim de mundo, um sertão coberto de cerrado por todos os lados – mas, também reconhecido como um caminho onde a onça sempre parava para beber água!

Sobre o local, futuramente, ele seria conhecido como “portal da Amazônia”, cuja posição geográfico-estratégica, junto a um entroncamento rodoviário, funcionaria como um corredor obrigatório para o trânsito Norte-Sul do país.

Creio que o leitor já matou a charada; senão, vejamos: o referido lugar se acha imbricado no vale do São Lourenço, às margens do rio Vermelho, cortado pelo, então cristalino, ribeirão Arareau. Ali, havia uma terra produtiva e promissora e por isso despertaria, ao longo de sua história, a vinda de migrantes, como: paulistas, nordestinos, mineiros, sulistas, estrangeiros, entre outros.

Bingo! Acertou. A “História para não ser esquecida” se refere a Rondonópolis, cujos escritos originaram a minha tese de doutorado, transformada em Livro em 1993: “Rondonópolis-MT: Um Entroncamento de Mão-Única”, onde desfrutei de entrevistas com 38 moradores dos mais diferentes perfis, cujas experiências e relatos de vida, ofereceram o contorno dos processos da memória e da história em curso no lugar. Nascia a história contada pelos seus moradores, que com a força de seu trabalho fizeram e fazem o vigor e a pujança de Rondonópolis.

Os subsídios que rechearam os capítulos do livro, desvendam as interfaces e os desdobramentos de dados e fatos que contribuíram para o processo da história de povoamento e de crescimento da região. Por exemplo, o nome Rondonópolis, que adveio, em 1918, da homenagem efetuada pelo deputado e Tenente Otávio Pitaluga ao então General Cândido Mariano da Silva Rondon, que passa a receber as honras de patrono de nossa cidade.

Quanto ao povoado do Rio Vermelho, este iniciou seu povoamento a partir de 1902, quando os familiares de José Rodrigues dos Santos, vindos de Palmeira de Goiás, resolveram se estabelecer e realizar aqui o projeto do sonhado eldorado. Na época, outras famílias de goianos migraram para a região, seguidas por cuiabanos e por famílias de outras regiões do estado.

No ano de 1915, residia no local cerca de setenta famílias. Estas viviam com certa organização econômica, social e política e também tinham preocupação com as primeiras letras. Neste mesmo ano, Joaquim da Costa Marques, presidente de estado do Mato Grosso, promulga o Decreto Lei n.º 395, que estabelecia uma reserva de dois mil hectares para o patrimônio da povoação do rio Vermelho.

Esse decreto marca oficialmente a existência do povoado (a futura cidade de Rondonópolis), cuja data de fundação (10 de agosto de 1915) foi regulamentada pela Lei Municipal 2.777 de 22 de outubro de 1997.

Por acaso, você conhecia alguma informação a respeito da fundação de Rondonópolis? E sobre a emancipação político-administrativa e outros dados da história da cidade?

Pois é, ninguém ama o que não conhece! Porém, ainda é tempo de você pesquisar os motivos pelos quais Rondonópolis se transformou em polo regional de quase 30 municípios; pode, ainda, entender as razões que levaram Rondonópolis, em 1980, a ser o segundo município do estado em importância econômica, demográfica e urbana.

Saberia, também, que, na década de 90, Rondonópolis se projeta como “A Capital Nacional do Agronegócio”, ao mesmo tempo em que o setor agroindustrial ganhou destaque nas duas últimas décadas – ao mesmo tempo, em que os trilhos das locomotivas e os caminhos das rodovias conduzem o município ao topo das exportações.

É a metrópole que, a olhos vistos, se projeta! Participe dessa história, para que ela não seja esquecida da memória de seus moradores.

(*) Luci Léa Lopes M Tesoro é professora doutora em História Social pela USP.

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