SOJA: mercado se movimenta
O surpreendente relatório de outubro, divulgado na sexta-feira, 8, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) impulsionou os preços da soja, tanto na Bolsa de Chicago como no mercado físico brasileiro. Passado o feriado da terça, 12, o ritmo dos negócios também melhorou no Brasil, com os produtores aproveitando os preços favoráveis.
Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos subiu de R$ 44,00 no dia 7 de outubro para R$ 45,50 no dia 14. Em Cascavel (PR), o preço também teve elevação, passando de R$ 43,50 para R$ 44,00 no período. Em Rondonópolis, a cotação pulou de R$ 42,00 para R$ 44,00.
Na Bolsa de Mercadorias de Chicago, os contratos com vencimento em novembro acumularam valorização de 11,5% no período, passando de US$ 10,65 por bushel para US$ 11,88. O câmbio apresentou desvalorização de 1,36% do dólar comercial frente ao real, que caiu de R$ 1,686 para R$ 1,663.
O bom desempenho de Chicago teve como estopim o relatório do USDA. Ao contrário das expectativas, o Departamento reduziu as estimativas de área, produtividade e produção dos Estados Unidos. Também cortou as projeções para os estoques finais acima do esperado pelo mercado. A sinalização de uma oferta mais apertada combinou com a crescente demanda pela soja americana e, em função disso, os contratos chegaram a operar no limite de alta em algumas sessões.
Outro fator que vem contribuindo para a sustentação das cotações da soja é a preocupação com o atraso no plantio nas regiões produtoras da América do Sul, principalmente em alguns estados do Centro-Oeste do Brasil, entre o Mato Grosso, maior produtor nacional.
ALGODÃO: mercado descolado
O mercado brasileiro de algodão fecha a semana descolado dos referenciais externos. Apesar da alta considerável dos contratos futuros na Bolsa de Mercadorias de Nova York, o cenário interno continua apresentando queda no interesse de compra das indústrias, o que influencia na estabilidade dos preços.
A redução na produção de algumas indústrias e o maior interesse de venda por parte dos produtores – a fim de aproveitar cotações mais altas – têm contribuído para os preços lateralizados no âmbito doméstico. Alguns compradores acreditam que os valores da fibra poderão chegar a patamares inferiores, mas não muito diferentes dos observados nas últimas semanas. Indicações para o algodão padrão 41-4, CIF São Paulo, oscilaram nesta semana de R$ 2,16 a R$ 2,19 por libra-peso, para pagamento em 8 dias.
A Bolsa de Mercadorias de Nova York para o algodão encerrou as operações desta quinta-feira (14) no limite de alta. O contrato dezembro ficou em 114,87 centavos de dólar por libra-peso, com elevação de 4,00 centavos. O contrato março fechou em 110,97 centavos de dólar por libra-peso, com avanço de 4,00 centavos. A demanda chinesa tem dado suporte à ascensão do mercado durante o mês, uma vez que o maior produtor e consumidor mundial tenta se recuperar das perdas com chuvas fortes no início do ano.
Outra notícia positiva aos preços internacionais foi que o Paquistão deve importar 4 milhões de fardos de algodão no atual ano comercial, iniciado em 1o de julho, acima das expectativas preliminares (2 a 2,5 milhões). A informação foi dada por fonte da Associação dos Fiadores de Algodão do país a agências internacionais. O incremento seria para compensar a possível quebra na safra por inundações.
Boi Gordo: R$ 97 arroba em SP
A semana mais curta decorrente do feriado nacional de Nossa Senhora Aparecida, deixou o mercado brasileiro de boi gordo agitado e com nova alta generalizada de preços.
A oferta de confinamento de primeiro turno que no final da semana passada parecia ter deixado o mercado mais calmo, apesar da boa demanda de virada de mês, apresentou retração na volta do feriadão, levando agentes de mercado a acreditar que a disponibilidade desse gado pode ter chegado ao fim. Nos frigoríficos, as escalas de abate avançam com dificuldade, exigindo preços nas compras para o curto prazo. A demanda, por sua vez, segue firme.
Em São Paulo, a arroba do boi gordo foi cotada a R$ 95/97,00 nessa quinta-feira (14), livre de Funrural, a prazo, para pagamento em 30 dias, contra R$ 93/95,00 da semana anterior (07/10). Em Mato Grosso do Sul, preços oscilaram entre R$ 89/91,00 contra R$ 87/89,00 da última quinta-feira. Em Mato Grosso, mercado indicou R$ 80/84,00 arroba contra R$ 79/83,00 da última semana.
Considerando as principais regiões consultadas por Safras & Mercado, a arroba do boi gordo fechou essa quinta-feira (14), ao preço de R$ 88,38 de média, no prazo, contra R$ 86,73 da semana anterior (07) e R$ 86,59 de início do mês (01/10).
“Na realidade, estamos em outubro e a oferta de confinamento não tem oferecido uma situação de pressão de venda interna, uma vez que não tem gerado sobras no atacado e nos frigoríficos. A esperança, agora, está no segundo turno dos confinamentos e na oferta de gado de pastagem. As chuvas vão ocorrendo no Centro-Oeste ainda que de forma irregular, mas a questão é se esse ritmo de recuperação das pastagens será suficiente para gerar um volume de oferta de gado pesado já em dezembro”, comenta Paulo Molinari, analista de Safras & Mercado.
Conforme o analista, alguns pecuaristas apontam para a possibilidade dessa oferta de gado de pastagem surgir no mercado somente a partir de fevereiro, não havendo tempo para recuperação do deteriorado pasto atual e para ganho de peso do gado até dezembro.
Destaca que caso isso aconteça, o mercado terá que trabalhar com a oferta de gado semi-confinado e com os lotes de segundo turno do confinamento.
“Dependendo da situação desta oferta de fechamento do ano poderemos ter até preços se acomodando. Até lá, o movimento de alta ou de sustentação parece consistente, com o mercado físico sujeito a testar novos recordes de preços”, antecipa o analista.
