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Pecuaristas ainda vivem período crítico em Mato Grosso

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Alimentação de gado ainda deve enfrentar um período crítico com as primeiras chuvas, com as pastagens em brotação, mas sem vigor e capacidade de manter e nutrir os animais de forma adequada
Alimentação de gado ainda deve enfrentar um período crítico com as primeiras chuvas, com as pastagens em brotação, mas sem vigor e capacidade de manter e nutrir os animais de forma adequada

As queimadas que atingem reservas e propriedades privadas, principalmente no Centro-Oeste do Brasil, se agravaram ainda mais em setembro com os fortes ventos e o tempo seco. Em algumas regiões não chovia desde abril e o assunto ganhou destaque nos jornais, preocupando moradores e produtores rurais de toda a região.
Em Mato Grosso, os episódios de incêndios em reservas e propriedades vem ganhando cada vez mais proporções. Os prejuízos causados à saúde da população, ao agronegócio e ao meio ambiente estão puxando o Estado para traz em desenvolvimento sustentável e causando danos irreparáveis. Mas para os pecuaristas e agricultores a situação se complica mais já que a culpa pelos incêndios ainda recai sobre eles – devido à divulgação errônea e massiva que o uso da técnica de queimadas é pratica rotineira pelos produtores.
O agrônomo Marcos Wurzius acompanha o drama dos pecuaristas da região há mais de 10 anos e confirma o fato exposto acima. Segundo conta, os produtores são os que mais sofrem com as queimadas em termos financeiros, mas esclarece que muitas pessoas – talvez por falta de informação – ainda insistem em enxergar essa categoria como autores de suas próprias desgraças. “É muito triste como ainda existem aqueles que colocam a culpa das queimadas exclusivamente nos produtores. É claro que nem todos os pecuaristas e agricultores têm a mesma consciência, mas a grande maioria está fazendo o seu trabalho corretamente e agora tem lutado sozinho para que suas propriedades não sejam destruídas completamente por focos de incêndio iniciados em terras devolutas, reservas e mesmo áreas urbanas. Os prejuízos que a classe produtiva acumula são incalculáveis, mas precisamos enxergar que a classe de produtores fez um trabalho de heróis”, observa Wurzius.
Na opinião do agrônomo, precisa-se pensar nas queimadas de forma racional e planejada com o amparo da lei dos órgãos competentes, junto com as ONG’s e ambientalistas. Para o agrônomo, é preciso que todos pensem com urgência em uma alternativa para controlar a grande quantidade de palhada (capim) seco, que se forma todos os anos nas áreas devolutas, terrenos baldios, reservas e entorno das rodovia e das cidades, na época da estiagem. “A queimada faz parte do ecossistema do cerrado e deve ser analisada e estudada para que seja usada de forma preventiva contra os incêndios. Não podemos mais continuar a olhar para este tema com terrorismo”, coloca.
O produtor rural Hélio Goulart, proprietário de uma fazenda atingida este ano pelo fogo na região de Guiratinga, faz um desabafo sobre o assunto. “A seca por si só já é um período difícil. Com os pastos secos, o custo de produção sobe e diminui a oferta, gerando conseqüente alta no preço da carne. Imaginem este cenário com o fogo destruindo o pouco de alimento que ainda resta para o gado e ameaçando até matar os animais? A sociedade precisa entender que quem mais tem prejuízos com as queimadas são os próprios fazendeiros. Sem dúvida, as conseqüências das queimadas atingem uma proporção maior da sociedade do que imaginamos. Todos nós perdemos. Mas está na hora de encarar este assunto com seriedade, sem julgamentos levianos”, ressalta o pecuarista.
Desde o início do ano, de 1º de janeiro até 29 de setembro, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registraram em Mato Grosso 213.469 focos de calor, um índice que coloca o estado na liderança nacional em queimadas. Pelo interior de Mato Grosso, sindicatos rurais e prefeituras recebem reclamações de produtores que tentam conter os incêndios. Em Juara, norte do estado, o fogo está acabando com os pastos. De acordo com o produtor e representante da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Fernando Conte, os pecuaristas estão desesperados, sem ter o que dar para os animais. “Já não havia reserva de pasto antes das chamas e agora o fogo tem atingindo também as casas de cochos (local onde os animais se alimentam), além de maquinários e cercas. Ainda não perdemos animais, mas não sabemos como iremos alimentá-los”, diz.
Enquanto nenhuma medida radical é adotada para combater as queimadas, os pecuaristas têm buscado novas alternativas para engordar o gado e, com isso, manter o mercado da carne estável. Uma das opções mais utilizadas este ano têm sido as rações de alto consumo, que substituem grande parte do pasto com a proposta de melhorar o ganho de peso e a rentabilidade dos animais. O mais importante, segundo o zootecnista e diretor da Novanis Animal, Arlindo Vilela, é não deixar o gado sem alimentação adequada. “Perdemos todo o planejamento que vínhamos seguindo com os pecuaristas, tanto de engorda como de cria e agora estamos revendo nosso trabalho. O prejuízo é, sem dúvida, muito grande para todos, mas não há tempo para dúvidas ou para velhos modelos. O pecuarista tem que entender que a melhor alternativa técnica, operacional e economicamente vantajosa neste momento é a suplementação estratégica de maneira correta”, informa.
Conforme Vilela, a utilização de ração, com alto fornecimento de concentrado, tem apresentado uma excelente alternativa para os animais em engorda, além dos bezerros e garrotes machos em recria. “Essa ração tem apresentado ótimos resultados e acredito que seja uma alternativa excelente para os pecuaristas que estão sofrendo os prejuízos da seca e queimadas. Ainda vamos enfrentar um período crítico com as primeiras chuvas, com as pastagens em brotação, mas sem vigor e capacidade de manter e nutrir os animais de forma adequada”, finaliza.

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