CARACAS – Em um claro desafio ao chavismo, a deputada opositora venezuelana María Corina Machado lidera nesta terça-feira uma passeata em direção à sede do parlamento em Caracas, apesar da advertência de que será proibida de entrar depois que o Supremo Tribunal de Justiça ratificou sua destituição. Barreiras policiais foram instaladas no caminho até a casa legislativa e na Praça Brión, onde a opositora fazia um discurso, forças de segurança reprimimem manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo.
– Estamos unidos em um processo de liberdade, em um processo irreversível em direção à democracia. Por que nos calam? Por que têm error à verdade e ao povo que está na rua, que luta pela liberdade? – questionou a opositora. – Continuarei sendo a deputada de todos. A luta é até que se ganhe e vamos ganhar.
A deputada deixou a praça em uma moto em direção à Assembleia Nacional. Impedida de entrar, María Corina Machado discursou diante do prédio.
– Com a ação contra mim, se desmantela a República – afirmou.
Outra marcha, de simpatizantes do governo, também se dirigem ao local, para entregar ao Ministério Público uma denúncia contra María Corina. Eles qualificam a postura da deputada – que atuou como representante alternativa do governo do Panamá na OEA – de “traição à pátria”.
Um dia antes, María Corina já havia desafiado o governo ao convocar uma concentração em uma praça do leste da capital, de onde partirá junto a deputados da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).
– Meu direito e meu dever é assistir às sessões da Assembleia Nacional e eu me proponho a fazê-lo, como sempre. O presidente da Assembleia Diosdado Cabello, no entanto, afirmou que María Corina não é mais deputada e não pode entrar na casa. Considerado o número dois do chavismo, Cabello acusa a opositora de promover violência na onda de manifestações contra o governo do presidente Nicolás Maduro, que em dois meses já deixou 39 mortos.
O Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela confirmou na noite de segunda-feira a destituição de María Corina Machado, anunciada na semana passada pelo governo chavista. Ela considerou a medida uma perseguição política.
A representação de María Corina na OEA “constitui uma atividade incompatível durante a vigência de sua função legislativa no período para o qual foi eleita”, afirma um comunicado da Sala Constitucional do TSJ. O TSJ considerou que “a função diplomática não apenas vai contra a função legislativa para a qual foi previamente eleita, assim como está em franca contradição com os deveres como venezuelana e como deputada na Assembleia Nacional”.
Mais uma do didador venezuelano. Até quando?