Com a oposição presente em peso, deputados e senadores instalaram nesta quarta-feira (28) a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) mista da Petrobras, que irá apurar irregularidades envolvendo a estatal.
A instalação acontece após intensas manobras do governo para tentar evitar a criação da comissão, onde o seu controle é menor do que na CPI já em funcionamento apenas no Senado.
Embora a CPI mista também seja governista na sua maioria, há parlamentares descontentes com o Palácio do Planalto e com atuação mais independente, que não necessariamente seguirão as orientações do governo, o que pode gerar desgaste para a presidente Dilma Rousseff.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), principal adversário da petista nas urnas em outubro, não faz parte da comissão, mas assumiu provisoriamente a liderança do seu partido no Senado para ter voz na reunião de hoje.
A manobra regimental foi possível por conta da ausência do líder titular, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), em missão oficial no exterior, e do primeiro vice-líder, Cassio Cunha Lima (PSDB-PB), com agenda no Estado.
A comissão é composta por 32 titulares, divididos meio a meio entre as duas Casas. Partidos da base aliada detêm 24 desses lugares, contra 8 das legendas oposicionistas.
Em votação realizada logo no início da sessão, sob a coordenação do senador João Alberto (PMDB-MA), o mais idoso entre os integrantes indicados, foi confirmado o nome do senador Vital do Rêgo (PMDB- PB) na presidência da comissão (com 19 dos 29 votos), aliado do Planalto. O senador Gim (PTB-DF) foi eleito vice-presidente.
Por outro lado, a oposição já vem com um plano de trabalho pronto com itens que consideram essenciais para a comissão investigar.
Entre os primeiros requerimentos que a oposição pretende aprovar estão a convocação de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, do doleiro Alberto Youssef, e de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras.
Também querem pedir a quebra de sigilos do ex-presidente da estatal Sérgio Gabrielli, Cerveró, Youssef e Costa, além das empresas MO Consultoria, Labogen e Piroquímica, citadas nas investigações da Polícia Federal.
Os parlamentares vão pedir ainda a íntegra das investigações da Operação Lava Jato.
Deputados do DEM sugerem também a criação de quatro subcomissões para dividir os trabalhos de apuração da comissão, incluindo temas como a compra de refinarias, offshores, a construção de plataformas e a polêmica aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).