WASHINGTON – O Pentágono anunciou nesta terça-feira que 600 soldados serão enviados à Polônia e às três repúblicas do Báltico – Lituânia, Letônia e Estônia – para exercícios militares. Segundo o porta-voz do Departamento de Defesa, o almirante John Kirby, os exercícios não fazem parte do programa militar da Otan, e se somam aos acordos bilaterais que os Estados Unidos mantêm com os quatro países.
Kirby afirmou ainda que os novos exercícios foram motivados pela tensão que surgiu com a anexação da Crimeia, e que “representam o compromisso americano com as obrigações com a segurança da Europa”.
De acordo com o almirante, os exercícios, que têm como objetivo apoiar os aliados dos Estados Unidos num momento de tensão, durarão cerca de um mês, e já começarão nesta quarta-feira, como o deslocamento da 173ª Brigada de Combate Aéreo, que deixará a base em Vicenza, na Itália, e seguirá para a Polônia. O restante dos soldados deve chegar aos países do Báltico na próxima segunda-feira.
Ex-repúblicas soviéticas temem que crise se espalhe pela região
A crise entre Rússia e Ucrânia começa a gerar preocupações nos países vizinhos da antiga União Soviética. A anexação da Crimeia e as tensões separatistas no Leste da Ucrânia aumentaram a tensão em antigas repúblicas soviéticas que contam com populações de cidadãos de origem russa. Nesta terça-feira, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, afirmou que a crise na Ucrânia representava um risco à segurança bielorrussa, e pediu à população que se una para proteger sua independência.
– Os países ao redor de nós estão em um momento de transformação. A Ucrânia está fervendo e a Rússia está tentando crescer novamente. Bem na frente de nossos olhos as antigas fronteiras estão desmoronando – afirmou Lukashenko. – Qualquer desastre geopolítico irá nos afetar. Temos que proteger nosso bem mais valioso: a independência do país. E para defendê-la, toda a Bielorrússia deve estar unida.
Criticado pelos países ocidentais por sua política dura contra a oposição, Lukashenko – que comanda a antiga república soviética há quase 20 anos – é um velho aliado de Moscou, e defende a linha ditada pelo Kremlin nas questões internacionais. No entanto, o presidente, que depende imensamente da ajuda militar e econômica da Rússia, criticou a anexação da Crimeia no mês passado.
– Minha mensagem para aqueles que criticam o governo é que aceitamos qualquer oposição que esteja dentro da lei – afirmou o presidente, que alertou opositores declarando que medidas duras serão tomadas contra aqueles que “incitarem motins”.
Na Estônia, onde russos formam um quarto da população, a anexação da Crimeia também trouxe preocupações com relação à estabilidade do país.
– Estamos em alerta. Se a crise da Ucrânia nos ensinou algo, foi que os líderes russos podem tomar decisões muito rapidamente – afirmou o ministro estoniano da Defesa, Sven Mikser. – A Rússia pode mover suas tropas com muita rapidez, como vimos no caso da fronteira ucraniana.
Segundo o ministro, separatistas já começaram a agir no país. Cidades como Narva, terceira maior da Estônia, têm quase 90% da população formada por cidadãos de origem russa.
– Temos regiões que são predominantemente russófonas, e já vimos tentativas de fomentar tensões no país, mas acredito que a vasta maioria dos estonianos russófonos estão felizes de viver na Estônia e na União Europeia – afirmou.