Já escrevi aqui, nos últimos dias, sobre o nível deste Campeonato Mato-grossense. Fico imaginando os dirigentes dos nossos clubes vendo o Luverdense e Araguaia decidindo a competição. Nada contra o Araguaia ou o Luverdense, eles foram mais competentes que os outros e chegaram. Mas eu vejo que são duas equipes sem tradição. Vale lembrar que este Araguaia não é o mesmo que chegou a disputar campeonatos na década de 80. Este Araguaia, que pode ser campeão estadual no dia hoje, é quase um bebê se comparado aos times mais tradicionais de Mato Grosso. Foi fundado no ano passado para disputar o Estadual e deu certo pelo que se percebe. Sete meses depois, a equipe já era campeã da Copa Mato Grosso, batendo o tradicional União de Rondonópolis, que tem 35 anos de história em Mato Grosso.
O Luverdense também é um time novo no Estado. Nasceu em 2004 e sempre montou equipes fortes, barrando os tradicionais times do Nortão, no caso o Sorriso e Sinop, que viraram um saco de pancadas no futebol local.
O que eu digo é que a final deste ano, apesar de pelo menos ser equilibrada, se tornou tão sem graça como uma decisão de Brasileirão entre Barueri e Santo André, por exemplo. São boas equipes, sem sombra de dúvidas, porém são times sem tradição. Pra mim, final é jogo de time de camisa, de tradição como foi a do ano passado por exemplo. De um lado o Mixto, o mais tradicional e vitorioso time do Estado, do outro lado, o União, o único time de Mato Grosso que disputou todos os estaduais desde 1973 e não ganhou nenhum. O jogo era entre o time de maior camisa da capital contra o mais tradicional do interior.
Da mesma forma, que dá vontade de ver uma decisão entre Mixto e Operário, pois é um jogo de equipes tradicionais, onde o estádio fica pequeno.
Por outro lado, já pensou em um jogo entre União e Barra do Garças valendo título? Seria outra partida onde os dois times mais conhecidos do interior de Mato Grosso estariam disputando o primeiro título da história das duas equipes.
Outro jogo que entraria na história do futebol local seria entre Vila e União, mais pela magia do derby. Esse seria um jogo para ser lembrado por anos e anos pelo torcedor local, fora que público, acredito que seria para 20 mil pessoas por jogo.
Esta final deste ano será semelhante a de 2007, entre Grêmio de Jaciara e Cacerense. São jogos que ficam apenas na memória da torcida do time vencedor e olhe lá. Final sem time de tradição cai no esquecimento do torcedor.
A tradição no futebol mobiliza o torcedor. Basta vermos as Copas do Mundo. Seleção sem história, dificilmente, decide um mundial. É só analisarmos as últimas decisões de 1982 pra cá. Primeiro, Itália e Alemanha, depois em 86, Argentina e Alemanha, novamente em 90 Argentina e Alemanha, em 1994 foi Brasil e Itália, 98 Brasil e França, 2002 Brasil e Alemanha e por último em 2008 França e Itália. Não temos notícias de uma final entre Senegal e Lituânia que, nas devidas proporções, é quase o mesmo de Luverdense e Araguaia, para o futebol local.
Sobre – a Segundona em Mato Grosso pelo segundo ano seguido será realizada.
Neutro – a série D deste ano onde os times aos poucos estão deixando a competição.
Desce – como escrevi acima, uma final sem times de tradição.