A culpa é do eleitor

O show de horrores da política brasileira continua a todo vapor. Escândalos, acusações e delações se sucedem. O denunciante de hoje é o denunciado amanhã, o indignado com a corrupção de hoje é o delatado de amanhã.
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, autorizou a Procuradoria Geral da República (PGR) a investigar 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados. Com a divulgação da lista, a cara de pau dos envolvidos no esquema de corrupção é uma das coisas mais repugnantes. Dizem, com a maior calma, não serem culpados, não estarem envolvidos, estão sendo vítimas de calúnias. A corrupção no Brasil tomou dimensões tão grandes, que os corruptos sequer se escondem após a denúncia, nem que seja um dia apenas, só para a poeira baixar.
Acredite, a calmaria dos políticos com a investigação é justificada. Roubar dinheiro público no Brasil não é crime, mas um status. E a opinião pública? Os políticos estão pouco se lixando. Temos oito ministros envolvidos em escândalo de corrupção, acontecerá alguma coisa com eles? Seguimos, em meio a turbulência política, em meio a crise, com o desemprego gritante e expectativas desanimadoras com relação a melhora. Para os lacaios, a vida anda boa demais, não há do que se reclamar.
O Brasil está chafurdado no mar da corrupção. Conseguir um político que esteja passando acima dos escândalos é como catar uma agulha no palheiro. Parece que, necessariamente, para se ocupar um cargo tem que meter a mão no erário público ou em operações nebulosas. Cada vez aumenta mais aquela sensação de que a política é um antro onde só sobrevivem os corruptos.
É certo que alguns eleitores podem alegar que foram enganados por seus candidatos. Mas, a grande maioria votou em candidatos que fazem agora o que fizeram nos cargos anteriores, ou então, o que faziam antes de entrar na política. E o pior é que ainda tem muitos que já declaram seus votos para esses mesmos corruptos que estão sendo denunciados pela Lava Jato. Dá para acreditar!. Somos tão culpados pela situação vivida, que estamos perdendo até o direito de reclamar.