Eleições e o tapetão

A cada ano, apesar da Justiça Eleitoral ter se aperfeiçoado e ter ganhado em eficiência e credibilidade, fica mais complicado saber o resultado final das eleições em razão da legislação eleitoral sempre estar em processo de mudança. A parte da abertura das urnas, contagem e totalização dos votos, estão sendo feitos com perfeição, o problema está justamente após essa fase, quando o resultado é divulgado.
Na disputa deste ano, chamou a atenção o caso dos candidatos ‘ficha suja’ que tiveram o registro indeferido e disputaram as eleições sub judice. O candidato pode fazer campanha normalmente, distribuir material e tudo mais, além de ter o número e a foto registrados nas urnas.
O problema é que os votos destes candidatos não foram somados na formação das bancadas na Câmara e Assembleia e, enquanto isso, o próprio eleitor não pode saber com clareza, mesmo após as eleições, sobre a formação das bancadas, sempre vai ficar a dúvida.
Vale lembrar que esse problema não é específico de Mato Grosso e sim do Brasil inteiro, muito em razão da falta de clareza da validade da Lei da Ficha Limpa para esse pleito e enquanto pairar essa dúvida teremos que ver, pelo menos uma parte destas eleições, a ser decidida no tapetão. O voto que valerá será o dos ministros, desembargadores e juízes que estão julgando essa questão. O termo tapetão surgiu nos anos 80, quando o resultado dos jogos de futebol eram contestados em campo e julgados nos fóruns de justiça em uma alusão que a questão teria saído dos gramados e ido para os tapetes dos tribunais.
Outro exemplo estamos vendo em São Paulo. Tiririca, o candidato a deputado federal mais votado do estado mais influente do país, com os maiores índices de alfabetização, pode não tomar posse. O Ministério Público Eleitoral de São Paulo acusa Tiririca de ser analfabeto. Nesta questão, o partido do candidato, além de perder a vaga corre o risco de perder representatividade em razão de que a votação de Tiririca levou outros candidatos da sigla a se elegerem.
A Justiça Eleitoral precisa criar mecanismos para evitar este tipo de discussão após as eleições. Estes problemas e questões deviriam ser resolvidos antes do eleitor colocar o voto na urna para acabar com a possibilidade de a cada ano vivermos esse “tapetão eleitoral”.