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Tradição indígena: Fotógrafo é batizado como Bóe Bororo na Aldeia Tadarimana

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César Augusto, batizado pelo povo Bóe Bororo (Foto – Divulgação)

A Aldeia Central Tadarimana, em Rondonópolis, viveu mais um momento especial entre os dias 18 e 19 de abril deste ano, com a cerimônia de batizado Bóe Bororo do fotógrafo e líder comunitário Cesar Augusto, que nos últimos tempos passou a dedicar boa parte do seu tempo ao convívio com os indígenas. A cerimônia é marcada por rituais e cheia de simbolismo.

Conforme Bosco Marido Kurireu, chefe de cultura na aldeia central da Terra Indígena Tadarimana, a decisão do batismo de César Augusto foi motivada porque se trata de uma pessoa que passou a ser grande companheira do povo Bóe Bororo, estando ao seu lado, vivendo seu dia a dia e ajudando a propagar sua cultura.

Ele atesta que o batismo de um não-índio significa que este é um parceiro, um irmão, que goza da confiança dos indígenas diante de tudo que vem fazendo para eles.

Para o cacique geral da Terra Indígena Tadarimana, Cícero Kuduropa, o fotógrafo Cesar Augusto é uma pessoa muito significativa para o povo Bóe Bororo.

“O Cesar Augusto é um conhecedor da cidade de Rondonópolis e região. Ele veio para a Aldeia Tadarimana, trouxe o seu conhecimento e, por sua vez, absorveu nosso conhecimento. Foi uma troca de conhecimento. Por isso decidimos batizá-lo na nossa cultura, porque ele tem ajudado a divulgar nosso povo na cidade, pois tem gente que não conhece o povo Bóe Bororo”, externou o cacique, lembrando que o fotógrafo aprecia muito a comida indígena, que é natural, saudável e sem agrotóxicos.

A cerimônia de batizado se iniciou às 16h de um dia, avançou pela madrugada, até o romper do sol do outro dia. Tudo começa com as pinturas faciais e corporais respectivas a cada clã dos batizandos na cultura Bóe Bororo. Um dos momentos importantes é o canto, seguido da apresentação dos afilhados aos padrinhos. Nisso, os índios fazem uma apresentação prévia do padrinho e afilhado para toda comunidade.

A celebração continua com cantos denominados róias que varam a noite. Nas primeiras horas do dia seguinte tem mais canto, para que os afilhados possam ser enfeitados com adornos (akigos, penugens, penas de araras vermelhas e azuis).

Os padrinhos, por sua vez, conduzem a cerimônia e anunciam definitivamente o nome de seus afilhados. Há ainda espaço para um canto final breve, para na sequência serem compartilhados alimentos típicos da culinária Bóe Bororo.

César Augusto, sendo pintado pela sua madrinha Tainara (Foto – Divulgação)

No batismo, Cesar Augusto foi adotado por uma família pertencente ao clã dos “Ecerae” com subclã “Baadujeba”. Ele tem como seu pai (iugua) Bosco Marido Kurireu, sua mãe (muga) Maria Borokiaro, seu padrinho (iedaga) Iranildo Borobó e sua madrinha (icarugo) Tainara Kiareudo. Cesar recebeu o nome Bóe Bororo de “Burerudu”, que na cultura indígena possui uma representação simbólica.

A maioria dos nomes faz referência a animais ou plantas. Na natureza, Burerudu é um invertebrado que habita o solo ou madeira em decomposição, uma espécie de coró.

Segundo César Augusto, ser batizado pelo povo Bóe Bororo significa uma vida nova. “Significa que o César Augusto, fotógrafo, consegue voltar ao passado e se readaptar a essa estrutura de sociedade milenar dos indígenas. Para mim, significa ter resiliência, ter uma utilidade na sociedade que não seja somente essa nossa, de homem branco… É ajudar o povo, estar junto, uma troca de conhecimento!”, avaliou o profissional sobre o processo que vivenciou.

 

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